sexta-feira, 27 de março de 2009

dos sonhos mais altos.

Ele tem sonhos demais. Sonha alto demais. Sonha sempre demais.
Ele sabe que sonha demais.
Ele tem medo.
Não de sonhar, mas de não realizar os sonhos que alimenta tão carinhosamente.
Ele tem medo.
Ele teme que sua asa quebrada não o permita voar.
Ele tem medo.
Ele não imagina o valor dos seus sonhos. Mesmo dos mais simples.
Ele tem medo.
Pensa que não conseguirá realizar.
Ele tem medo.
Pensa que sonhará sempre sozinho.
Ele não acredita que haverá sempre mais alguém pra sonhar junto. Os mesmos sonhos.
Ele não acredita que sempre haverá lugar, sempre haverá espaço para -simplesmente- realizar.
O primeiro passo pra realizar é sonhar. O segundo é querer. Somente querer.
E todos os sonhos que se sonha se tornarão reais.
Ele pensa que não, mas no fundo sabe de tudo isso.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Branca Rosa Morena

tudo o que vai sempre (tem) volta.
e se volta, vem de novo.
e se vai, se perde.
mas se volta, se encontra.

elas se encontraram por acaso.
seus caminhos se cruzaram por acaso.
elas se identificaram por acaso.
elas se gostaram. mas não foi por acaso.

de todos os sentimentos, só a amizade se escolhe.
e a delas foiescolhida muito antes.
antes mesmo de elas saberem
que já era amizade.

os laços que as unem são invisíveis.
inseparáveis.
invejáveis.
imutáveis.
imortais.
os sentimentos que as perpassam são como o vento.
em seu doce assobio se sente o leve farfalhar das asas.
de um lado anjo. borboleta.
do outro fada. rainha.
no reino da imensidão dos sonhos
batem dois corações de menina.
menina do sorriso em flor.
menina à espera do derradeiro amor.
duas meninas. coloridas. morenas.
a morena que ficou ruiva desabrochou, virou rosa.
a morena que vai no vento desanuviou, ficou branca.
Morena-Fada-Branca.
Morena-Borboleta-Cor-de-Rosa.
no incolor do vento um arco-íris se fez
pelo raio de sol molhado de chuva.
o casulo se rompeu, se enchendo de luz
e as asas se abriram banhadas de cor.
alma liberta
esperança desperta
intensa e eterna
capacidade de sonhar.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Coisa de Jorge.

Só podia ser ele. Quem mais intercederia tão de perto?

Ele, Líder dos Templários, que oferece suas armas, cavalo e armadura contra o mal que nem o atinge mais.

Ele, Cavaleiro da Flor, que se oferece como proteção para nós, reles mortais. Devotos.

Nós, que não sabemos (quase nunca) agradecer. Mas, no dia que lhe cabe, comparecemos (todos) levando-lhe flores e preces. Pedidos.

E ele está lá. No seu Cavalo Branco. Alado. À Lua. Fazendo jus ao posto que ocupa no imaginário dos devotos.

Mesmo depois do dia dedicado a ele transformado em feriado, há quem ainda não acredite ou não se lembre do Santo Guerreiro. Mas ele continua a olhar por nós, da Lua.

Salve Jorge!

BENTO CAPITOLINA

"Aí vindes outra vez inquietas sombras..."

Quem me dera ter sido, aos quinze anos, Capitu e ter tido a meu lado, Bentinho.
Descobrir o amor junto com alguém que alimentasse aquele mesmo sentimento.
Imaginar que seríamos os únicos enamorados. Sonhar em construir algo juntos.
Pena não ter vivido a eternidade daqueles sentimentos todos aos quinze anos.
Mas nunca é tarde.
Hoje, cinco anos depois, não me posso queixar de não conhecer o sabor do mais puro e verdadeiro amor.
Talvez tenha demorado. Talvez não.
Quem saberá?
O que sei (e disso tenho -redundantemente- absoluta certeza) é que chegou na hora certa e na pessoa ideal.
E que eu jamais seria completa e feliz como sou agora. E como serei, com ele, pelo resto da vida.
Porque o amor que temos um pelo outro é tão puro e sincero quanto o de Bento e Capitolina nos seus eternos quinze anos.

[sem data]

domingo, 15 de março de 2009

Quarentena.

Meus vícios estão de quarentena.
Guardados.
Minhas vontades
estão de quarentena.
Controladas.
Meus impulsos
estão de quarentena.
Anestesiados.
Meus desejos
estão de quarentena.
Adormecidos.
Mais alguns dias e a crise se vai.
Abstinência que esvai.
Fraqueza controlada fortalece.
Uma vez que se aprende nunca mais esquece.

terça-feira, 10 de março de 2009

Irresistível

Eles não conseguem. Não resistem, sentem falta do charme dela. Vão, mas sempre voltam. Não agüentam muito tempo longe. Eles têm que voltar.
E ela se diverte... aprendeu a ser maquiavélica, fatal e arrebatadora. Sutil e delicada, conhece as armas que tem. E usa. Quase todas elas.
Sabe que eles enlouquecem e gosta disso: seu maior prazer é tê-los a seus pés. Todos. Sem excessão. Por orgulho ou por paixão. Não importa.
Ela finge inocência, mas os conhece bem. Os decifra. Os entende. Os prende. Os perde. Eles se perdem na sua ginga, na sua graça, no seu perfume, no seu sorriso.
Eles não sabem, mas seu encanto é eterno. Não há volta. Basta o primeiro contato. O primeiro olhar. Ainda que sem intenção.
E eles dependem dela. Precisam, ao menos, vê-la... tê-la por perto. Nem que só em pensamento. Quem sabe, até, fotografia.
Eles vão, mas sempre voltam. Não se contêm.
E ela provoca.
Porque sabem que nunca se sabe quando ela poderá precisar deles de novo.

domingo, 8 de março de 2009

Fina Flor

Começo a entender o universo das 'fatais arrebatadoras'.
Não que eu seja uma. Nem quero. Aliás, estou bem longe disso!
Mas acho que não é tão difícil aprender a ter aquelas crises de sobrancelhas erguidas e postura empinada.
Sim. Ações sutis com requintes de crueldade. Às vezes inconsciente.
Mas nem todas são maquiavélicas por opção.
Faz parte da doce natureza feminina.

Pensamento Crítico

Na 'Terra em que se plantando tudo dá' desenvolveu-se a cultura da imagem e da facilidade.
Ler demora muito. O telejornal traz a notícia mastigada, interpretada, direcionada. As pessoas não se dão mais ao trabalho de debater acerca de nada. De refletir sobre o que acontece.
Até a imaginação já está aposentada. A TV que mostra os fatos, desfaz nas fotos (animadas) a magia do descobrir, do imaginar, do inventar, do permitir.
Tudo é proibido. Tudo é feio. Tudo é errado. Certo, bonito, apropriado é o que vende na TV. É o que vem de fora. É o que vem pronto. Pré-fabricado.
E, nessa hora, ninguém se preocupa em se lembrar da ''lei do uso e do desuso''. O que usa, evolui, desenvolve. O que não usa, atrofia, se perde.
E depois ninguém sabe porque as crias da 'mãe gentil' não são como antigamente. Não são mais crianças, não sabem brincar, não sabem imaginar, não sabem sorrir.
A TV aliena e atrofia, distorce a realidade, destrói a magia de descobrir como se vive a vida. Como se cresce sem acelerar o processo. Como se chega a uma felicidade que não há dinheiro no mundo que pague.

...pense nisso.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Pimenta Rosa.

Paciência nunca foi seu forte. Mas detestava bate-boca. Até conversava. O problema era quando perdia a cabeça. Nunca levou desaforo pra casa. Nem vai! Isso ela não muda. Mas, de uns tempos pra cá, talvez por amadurecimento (ou por velhice, mesmo) resolveu ser racional. Ainda fala sem pensar. Agora, já com menos freqüência. O que aprendeu foi a desistir de discussões em vão. Ela sabe que, no fim, acaba perdendo a razão. E prefere evitar.
O "inferno astral que precede o aniversário" dela não passou. Curiosamente, se atrasou. E se estendeu por mais de um mês. Qualquer motivo bobo a fazia soltar fogo pelas ventas. Antes, durante e depois da TPM. Fase ruim. Momento difícil. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Mas, como sempre, dava um jeito de resolver.
Triste era o momento em que ela ficava só. E recordava. E remoía. E ressentia tudo aquilo o que ela havia falado. Mais que isso, o que a deixava pior era o que tinha lido e ouvido. Eles não conseguiam entender o quanto aquilo tudo a fazia sofrer.
Mas o que eles não sabiam é que ela nunca se deixa abater. "Levanta. Sacode a poeira. Dá a volta por cima." Cresce. Aparece. Volta a ser Pimenta.
Abafa. Abstrai. Distrai. Mas não esquece. Porque as palavras que causam dor e que abrem feridas são as mesmas que curam e calejam. E não permitem repetir o erro.
Ela ainda erra. E o fará sempre. Mas cada vez de uma forma diferente. Porque ela sabe aprender, se arrepender e corrigir.
A Pimenta que arde de dentro dela não é como as outras. É mais sensível. Mais sutil. Mais delicada.
A Pimenta dela é Rosa. Mas não leva desaforo pra casa. Porque antes de ser Rosa ela é Pimenta.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Carinho imenso.

Ela cumpriu sua missão.
Ou parte.
Abriu-lhe os olhos.
Renovou-lhe o coração.
Sabia que ainda tinha muito a fazer.
Mas já se sentia realizada por vê-lo crescer.
Ele merecia.
Sempre mereceu.
O que ela fez por ele os surpreendeu.
Era um sentimento novo, que mudava a cada dia.
Mas não seria diferente.
Como ela, ele sabia.
Dentro dele tudo se renovava.
Dentro dela uma certeza se firmava.
E acalmava.
Nos corações, levavam a marca daquele sentimento.
Ora alívio.
Ora tormento.
Juntos, venciam a dor.
E a transformavam em alegria e calor.
Os laços se estreitavam sempre mais.
E eles se acomodavam num carinho que satisfaz.
Carinho imenso, bonito, intenso.
Carinho que segue e os persegue.
E os perseguirá até a vida terminar.

domingo, 1 de março de 2009

Camaleão.

'De onde você é?'
Ele já se acostumara à pergunta. E a resposta já era automática, sempre a mesma, e vinha bem acompanhada de um sorriso contagiante. Ele sabia que bastaria um pouco mais de conversa para seu sotaque se fazer notar. Era diferente, misturado. Deliciosamente curioso. Acolhedor, por assim dizer.
Simpático e comunicativo, ele se adapta a qualquer lugar, qualquer grupo, qualquer situação. Até das desconfortáveis ele sabe se desvencilhar. Sua alegria espalhafatosa e sua extroversão aquariana o tornam quase um camaleão: extremamente adaptável.
Jogo de cintura. Transparência. Delicadeza. Argola prateada. Olhos (quase) verdes. E um sorriso de menino. Manemolência. Perspicácia. Habilidade. Capta o sentido da vida através de palavras e imagens. Gesto manifesto. Sutileza. Dono de uma beleza impossível de explicar.
Sensível, ele até se esconde por trás do sempre presente falatório. São poucos os que o conhecem como ela.Ela se propôs. Ele se dispôs e abriu o coração para ela. Ele se expôs e confio nela como jamais havia confiado em si mesmo.
Ele se surpreendeu, pois ela lhe mostrava um ''novo eu'' que ele insistia em não ver. Ele confiou e acreditou nela. E, aos poucos, se tornou o homem que sempre sonhou ser.

(Detalhe: aquela música da Céu...)