quarta-feira, 29 de abril de 2009

faxina

limpar os armários às vezes faz bem.
às vezes dá alergia.
mas às vezes tira os cupins.

limpar os armários liberta dos fantasmas.
às vezes dá alergia.
mas às vezes tira os cupins.


limpar os armários faz espirrar.
às vezes dá alergia.
mas às vezes tira os cupins.


limpar os armários alivia.
às vezes dá alergia.
mas às vezes tira os cupins.


limpar os armários faz bem.
às vezes dá alergia.
mas às vezes tira os cupins.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Solitária Sensação

"O mundo está ao contrário e ninguém reparou".
Só ela. Desde bem pouco tempo, tudo começou a desandar. É como se o mundo cor-de-rosa em que ela vivesse tivesse caído. Bem na cabeça dela. E nada pudesse dar forças para sair dos escombros.
Desânimo. Desconcentração. Desalinho. Desemprego. Desilusão. Desespero. Depressão.
Por trás da máscara de fortaleza invencível e inabalável, mora um coração frágil, carente e sensível ao menor pesar.

As pessoas ao redor não compreendem... como aquela fortaleza pode se dissolver? Como aquele sorriso pode perder o brilho? Como aquela risada pode perder a voz? Como aquele rosto pode perder a luz...?

É noite. Venta. Faz frio. Na escuridão do céu, cintilam raras estrelas. Um violão dedilhado ao longe ecoa notas tristonhas. Pessoas passam. Ela as vê, cumprimenta, conversa... mas mesmo antes de voltar a escrever (de cabeça baixa, mas ouvidos -e sentidos- atentos) se sente só.


Tudo tem dado errado... mas apesar de saber que -um dia- sua sorte vai mudar, ela tem lutado pra não perder as forças nem deixar de acreditar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

abalo

me abala a idéia de te ter de volta nos meus dias.
gosto de você. te quero por perto.

me abala a idéia de ter você por perto.
tão perto que ameace a estrutura do meu Castelo de Cristal.
construído com tanto carinho e cuidado.
tratado como rei para não rachar nem arranhar.

me abala a idéia de te ter em palavras.
de fazer delas força pra não voltar atrás.
não desistir.

me abala a idéia de pensar em você.
de cometer os mesmos erros de um passado tão próximo
que ainda ecoa aos ouvidos num breve sussurrar.

me abala a idéia de te querer sempre perto.
me aflige o medo de não saber controlar.
e, outra vez, pular no mar sem saber nadar pra tentar sair.

me abala a idéia de querer voltar atrás.
de pensar em me afastar. de ter medo de fraquejar.
de imaginar o que não existe, perder o Castelo, afogar...

me abala a idéia de não saber o que fazer
e ter medo de esperar.

me abala a hipótese de descobrir
que já é tarde demais...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Palavras

como um tônico que recarrega as energias, ela faz daquelas palavras seu novo alicerce.
não se prende totalmente. nem se entrega.
mas também não resiste àquela letra fabricada nas aulas da faculdade.
muito menos às doces palavras que afagam o seu coração.
ela se conforta lendo a pequena mensagem que aquece seu confuso coração.
e ela se lembra de um sentimento verdadeiro que sempre existiu e nunca se apagou.
se confundiu e hoje a confunde. mas existe.
e não vai se apagar.
vê na simplicidade daquelas poucas palavras a força que mantém o sentimento aceso a crepitar.

A emoção

não é beeeeeeem aflição.
o que sinto é quase um aperto no coração.
de levinho... inofensivo à primeira vista.
mas que, analisado calmamente, chega a assustar.
não muito. mas no fundo assusta um pouco, sim.
aquele sentimento que se fora há tanto tempo não se foi.
e resolveu aparecer.
não o mesmo, mas voltou.
veio, aos poucos, resgatar uma sensação há tempos adormecida...
nem sei se existe mesmo alguma coisa ou é coisa da minha cabeça.
acho que é mesmo. e deve ser. é quase impossível não ser.
eu tenho mania de inventar coisas...
é inconsciente! deve ser porque a minha vida tá calma e certinha demais.

aí meu inconsciente (subconsciente ou qualquer coisa louca dessas que responde pela gente quando a gente não responde) resolve se manifestar. só pra ver alguma graça.
todo mundo ri de mim, porque não eu mesma fazer isso também?
mesmo que a minha parte consciente não veja a menor graça.

enfim...
essas coisas insistem em me acontecer na hora errada.

sempre!
(haja paciência!)
e lá venho eu de novo com meus conceitos (por vezes tortos) de certo e errado.
mas tá errado! tá errado sim!

só que eu não sei mudar. :P
às vezes nem quero.

será que agora é uma dessas vezes?
outra vez?
aff!

eis que apresento "o mafioso a desafiar o estado natural das coisas": o meu coração.
leviano...
insone e insano.
acorda pra vida!
me livra, me leva, me salva de mim.

há quem se pergunte "por que não eu?"
eu me desespero: "por que logo eu???"
tem coisa que não tem jeito...
só acontece comigo.

(Detalhes : Leoni. Lulu Santos. Paulinho da Viola. Freud. e um certo Moreno...)

dúvida

ele desliga o telefone e começa a rir.
ela está tão rouca que nem gritando consegue ser ouvida.
''foram muito fortes as emoções'' - diz ele. brincando.
''você nem imagina...'' - pensa ela. e concorda.

minutos depois, se reencontram. pela internet.
e conversam como se nada pudesse atrapalhar.
será que, agora, ela vai conseguir lhe falar...?

terça-feira, 14 de abril de 2009

17 e 17

- Hora igual, faz um pedido!
(todos olham pra cima)
A Fada dos Desejos passa farfalhando as asas e salpicando alegria em pirlimpimpim.
Com os olhos nas nuvens, não perceberam, mas o sobrevôo dela os transformou.
Eles não vêem, mas sentem.
Não sabem, mas sentem.
Nem percebem, mas sentem.
A Fada sorri e se vai sem ser notada. Gosta do que faz.
Vê sorrirem e vai sorrindo.
Semeia sorrisos e os colhe. Os lança a esmo, não escolhe.
E sorri por ver os sorrisos mais sinceros e mais bonitos.
E segue sorrindo por colher os sorrisos que são resultado dos seus semeados desejos.
E sorri, porque, mais que desejos, plantou Esperança naqueles corações de olhos erguidos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

eLe e eLa

cheguei, ele falava dela.
fiquei, ele falava dela.
saí, ele falava dela.
voltei, ele ainda falava.
e falava dela.

ele parece não saber falar de outra coisa.
ele parece não saber viver pra outra coisa.
ele parece não saber sonhar com outra coisa.

a presença dela está entranhada nele.
mas ele já não está mais entranhado nela.
ainda que pareça, eles já não estão mais tão ligados assim.
e ele não percebe. ou não quer perceber.
ou, então, não consegue perceber.

ele se prendeu à necessidade que tinha dela.
como se fosse seu único meio de não sucumbir.
ela, para ele, era tábua de salvação.
ele, para ela, já era sentimento sem sentido e sem razão.

ela já vivia sem ele.
ele só vivia porque respirava por ela.

o azul

era uma vez, uma gota de azul.
no começo, quando ele só conhecia o azul,
ele era só mais uma gota de azul.
meio avermelhado e não sabia o porquê,
mas achava que era azul.
até que, um dia, ele saiu do azul.
teve a oportunidade de conhecer outras cores, rumos e sabores.
e voltou diferente.
percebeu que não era azul.
e que todo aquele azul não era seu.
nunca o pertenceu.
ele se via diferente.
se sentia diferente.
se fazia diferente.
todos o tratavam igual, mas incomodado por se pensar diferente, ele queria se tornar diferente.
queria ser tratado como (achava que) merecia.
e foi assim que aquele azul, que sempre fora azul,
resolveu deixar de ser azul e se assumir roxo.
porque ele era mais que azul. era vermelho também.
era mescla. era mistura. era a pureza da impureza.
ele era roxo porque também era vermelho, mas não deixava de ser azul.
e foi depois de se assumir roxo que ele se percebeu azul.
e vermelho. e roxo. mas sem deixar de ser azul.
e roxo, aquele azul, que também era vermelho, se descobriu feliz. se encontrou. e se permitiu ser roxo. e ser, também, vermelho.
mas não deixou de ser azul.

domingo, 5 de abril de 2009

planando e subindo

Ela viu o Sol nascer
de cima das Nuvens.
Viu o Céu clarear...
...alaranjar
...avermelhar.
Viu as Nuvens ficarem
cor-de-rosa.
Viu as Estrelas
mergulharem do azul.
Viu florescer
o verde dos campos.
Viu refletir a paz de Deus
no transparente das Águas.
Ela viu tudo do alto.
Como nunca antes,
ela simplesmente voou.
(em Joinville)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Engarrafados.

meu relógio parou.
no tempo dos contratempos
meu ritmo desacelerou.

meu relógio atrasou.
o progresso adianta o atraso
de quem ainda não descansou.

meu relógio quebrou.
em volta, os carros parados
mostram que o avanço nos aprisionou.

meu relógio empenou.
presa no trânsito dessa cidade louca
mais que atrasada
perdida
cansada
minha paciência acabou.

meu relógio nunca mais funcionou.
engarrafado
atrasado e abandonado
meu tempo acabou.