domingo, 24 de outubro de 2010

Carta para o meu primeiro amor (correspondido)

Quando nos conhecemos, eu era muito nova pra saber o que é o amor. Mas no instante em que nossos olhares se cruzaram no meio daquela multidão, eu tive certeza de que era com você que eu ia descobrir.
Éramos dois adolescentes, vivíamos em um mundo colorido de conto-de-fada. Tínhamos um ao outro e não precisávamos de mais nada. E aí veio a realidade.
Vivíamos em contextos diferentes. Eu terminando o colégio e você já começando a faculdade. E aí veio a distância. Mas, até então, nada que um telefonema ou uma mensagem de texto vez ou outra não resolvessem. Até uma carta eu me lembro de ter escrito e mandado, à moda antiga, pelo correio, pra sua casa. E aí vieram as responsabilidades.
E, aos poucos, fomos perdendo o pouco contato que tivemos. E começamos a fazer outros planos, ver o mundo de outra maneira e seguir caminhos completamente diferentes do que imaginamos. E aí vieram as dúvidas.
Mesmo à distância, e já sem contato, duvidamos que conseguiríamos. E aí veio a fraqueza. 
E, de fato, desistimos. E fizemos outros planos. E nos esquecemos um do outro. E aí veio a saudade.
Muito tempo depois, por obra do acaso ou do divino, tivemos oportunidade de trocar meia dúzia de palavras. E até hoje me lembro da carta que você nunca respondeu, apesar de tantas promessas... E aí veio a lembrança.
E toda vez que ouço aquela música ou vou àquele lugar, é de você que eu me lembro. E é assim que tem que ser até que venham as próximas sensações.


Em algum lugar do meu coração você ainda é o mesmo.

A quermesse

Tudo começou na quermesse. A lua já ia alta no céu e o forró aquecia a noite fria. Regados a alguns copos de quentão, os três amigos avistaram as três amigas e resolveram 'se enturmar'.
A aproximação foi sutil e, antes do final de seus copos, os três meninos já tinham suas professoras particulares de forró. Dançaram e riram, descompromissados, até o sol raiar. Trocaram telefones e promessas de reencontro.
E como toda boa quermesse, no último dia estava lotada. Curiosamente, se encontraram mais uma vez. E a grande surpresa foi ela estar sem as amigas. Ainda assim, se divertiu com os três rapazes, dessa vez sem forró, mas com muito quentão e sorrisos.
A noite terminou com o nascer do sol e muitas gargalhadas. Demorou pra ela se dar conta do que estava acontecendo, mas ele não parava de elogiá-la e querer estar sempre perto. E ela percebeu que sentia o mesmo.
Quando notaram, estavam sozinhos. E, por um instante, seus sorrisos se juntaram em apenas um.
Desde então, todo ano voltam àquela quermesse pra comemorar o que nasceu dali.

sábado, 23 de outubro de 2010

zéfiní

acabou o samba.
acabou a carne, a cerveja, a água pra botar no feijão.
acabou a farofa, o molho, o repolho.
acabou a salada e a sobremesa.
acabou a tarde.
acabou o sol, o céu azul e o passarinho cantando.
acabou o vento, a nuvem, a ferrugem.
acabou a graça e a praça.
acabou.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

~Carta para os meus pensamentos

Eu sempre soube que não seria adeus. Talvez, tivesse sido, hoje fosse mais simples seguir em frente. Os caminhos sempre foram entrelaçados, tanto a ponto de os laços se metamorfosearem em nós cegos que nenhum mortal conseguiria desatar. E não há quem, no mundo, me consiga fazer esquecer você e o tudo o que você representa pra mim.
Eu tenho em você mais que um reflexo, ainda que invertido, meu. Tenho como que uma parte de mim que fugiu antes que eu percebesse e reapareceu com tamanha doçura no brilho do seu olhar que nem se mede. Eu tenho na sua mão meu apoio e no seu braço o meu melhor abraço. O seu sorriso é sempre o meu sorriso. E a sua tormenta, causa e consequência da minha dor.
Eu sempre soube que não seria adeus, mas algum tipo de impulso que nos aproximaria as almas com mais intensidade.