domingo, 22 de janeiro de 2012

Invenções.

Eu queria inventar um jeito de te mostrar que a saudade que me invade o peito não tem tamanho e não tem jeito de segurar.

Eu queria inventar uma palavra que dissesse tudo o que eu sinto quando te vejo nas fotos do meu mural na parede.

Eu queria inventar uma forma de aparecer do seu lado sempre que tivesse vontade de respirar o mesmo ar que você.

Eu queria inventar um sentimento que fosse maior e mais forte que o amor que eu sinto por você. Porque dizer ‘eu te amo’ já me parece pouco e comum.

Eu queria inventar uma vida que só existisse quando estivéssemos juntos, pra você nunca querer ficar longe de mim.

Eu queria inventar uma hora do dia em que a única obrigação fosse estarmos em sintonia, onde quer que estivéssemos, pra você nunca se esquecer de mim.

Eu queria inventar um som que fosse só nosso, pra você nunca esquecer como é a minha risada quando você conta piada.

Eu queria inventar uma imagem que mais ninguém conhecesse, pra caber nossos sorrisos e brilhos nos olhos quando pensamos a mesma coisa ao mesmo tempo.

Eu queria inventar um sentido pra esse tempo de vida que eu estou perdendo sem você aqui.

 

[faltam 203]

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pão e água.

Descobriu num breve sorriso que já não se lembrava mais daquela combinação de números que tanto relutara em esquecer um dia. Era um sorriso frouxo, aquele que costumava escapar quando se recordava dele. Era mais que alegria, ultrapassava a satisfação. De qualquer maneira, precisava, naquele instante, ouvir a sinfonia torta de grave-agudo que a voz dele representava. Era trabalho. E aprendera que trabalho, como água, não se negava a ninguém. Não se identificou, apesar de telefonar de um número estranho e, até então, por ele desconhecido. Começou a falar como se houvessem se visto há pouco. Ele titubeou, mas depois da primeira meia dúzia de palavras, reconheceu o doce som daquela voz que tanto sonhara, tempo atrás, ter ao pé do ouvido sempre às primeiras horas do dia. Por um segundo distraiu-se, fez que não ouviu o que ela dizia e a sentiu respirar mais fundo antes de repetir o que dissera. Era trabalho. Precisava se concentrar. Anotou as informações que ela passou e prometeu uma data pra entregar o que devia. Desligou com a sensação de dever cumprido. Não precisaria mais telefonar por um bom tempo. Esquecera a combinação. Sentia escapar um breve sorriso.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Flores-anjos.

Poetisa, solta o coração
Deixa a Rainha voar!

Asas atrofiadas, coração enrijecido
Todas as cores se apagaram
Meu amor está adormecido
Flor desabrochada e ressequida.
Recolha os estilhaços da minha vida!

Missão de anjo
O anjinho triste me pede,
Eu, anjo amigo,
Recolho tudo o que me pedir
Porque o que é sincero
Não precisa ser recolhido e sim espalhado
Num mundo sem cor,
Amor,
E com muita dor.
Que bom que o anjo é Flor.

É Flor que renasce da cinza
Banhada pela brisa do amanhecer
É Flor que se abre em sorriso
Perfume escondido que se espalha no ar.

Esse ar me faz amar.

Flores-gentes.

Não começou.
A ideia não veio.
Será que a fonte secou?

Talvez...
As horas de silêncio
Carregam palavras não ditas.

Malditas!
Palavras são esperanças escondidas.

Então são benditas!
Porque só coração possui esperanças...
Escondidas ou não.

Sonhos despertados em vão
Palavras são somente sementes
Pedaços das ideias dementes
De gentes que não sabem amar.

Não amando
Essas gentes atrasam
Deus e seu Plano Amoroso.
Mas as gentes amorosas
Fazem o mundo ter cores
Cores de Flores-Gentes
Que não temem amar.