sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Mulher Árvore

Semente de uma flor caída do bico de um passarinho. Em meio à escuridão da terra, saiu em busca de luz. Cresceu, deu flor e enfeitou o caminho. Seus galhos se esgueiravam procurando alcançar o céu. No coração daquela árvore, um coração adormecia...
Era primavera. No meio do dia, um homem parou à sombra de suas folhas esperando repousar. Vinha sozinho, porém cantava. Parecia traduzir em sons o que sentia, pois não era compreensível o que ele dizia. E o doce som de sua voz despertou o coração que adormecia.


Abriu os olhos à procura de quem emitia tão lindo som que a despertara e se deparou com o homem que cantava. Perguntou-lhe quem era e o que o levara até ali. Ouviu como resposta uma voz suave feito brisa. Era um monge e tinha uma missão a cumprir. Andava tentando descobrir que missão seria essa. Curioso, quis saber como aquela bela mulher ficara presa ao tronco de tão frondosa árvore. Nascera ali, viera de uma flor. Mas até então não conhecera a luz do dia, adormecida ela permanecia.
E conversaram durante horas... conheceram profundamente um ao outro. Até que o monge se despiu de sua capa, abriu suas longas asas e voou. Cumprira sua missão de despertar a Mulher Árvore. Ela, por sua vez, sorriu e acenou para a liberdade que acabara de descobrir nos olhos do monge. Entendeu o sentido de estar ali e floresceu. Buscava o alto como o Monge Pássaro. E lá chegaria estendendo seus galhos para o céu.

a pedido de Carlos Valença, meu caro amigo.

Um comentário:

Carlos Valença disse...

Vês? É bênção acalmar o coração e libertá-lo... Nascem traços, cores, personagens, palavras... sentimentos.
baiser...