Uma espécie (rara) de vírus me consome. Parece ter nascido, já, dentro de mim e ter vida própria. Aparece e desaparece quando bem entende. Na verdade, nem desaparece, permanece, mas se esconde.
E os sintomas são imperceptíveis. É vírus daqueles que não se sente até a situação se agravar. Tanto e a tal ponto de a reação ser externa. Como se todos à volta percebessem que falta alguma coisa ou que um pedaço parece ter ficado adormecido. E eu permaneço intacta, imóvel, insensível.
Esse vírus me ataca esporadicamente. E me tira algo tão meu que só quem me conhece bem sabe quando ele está presente. Conhecer bem nem sempre significa conhecer muito ou há muito tempo, mas reparar os detalhes gritantes que me saltam alma a fora. E há quem repare sem esforço algum. A esses, ainda não entendi como o vírus que me acomete não consegue atingir. Vai ver eles têm um olhar tão apurado que conseguem ver o vírus chegando e se protegem.
É uma virose daquelas! Do tipo que não tem remédio, nem controlado, que resolva. Talvez seja saudade. Talvez seja vazio. Talvez seja excesso. Talvez seja calor. Talvez seja tudo junto. E é esse tudo junto que separa.
O vírus que me pegou foi tão esperto e se escondeu tão bem que não dá nem pra saber quanto tempo ele pode ter de vida. Pode terminar agora, pode durar pra sempre, pode nunca ter existido.
O vírus que me ata os dedos e me priva as palavras parece ter vida própria. E segurar meus textos já desde dentro da alma. E não permitir que eles venham à superfície.
Espero que tenha remédio. Ainda que uma tarde em frente ao mar ou uma boa dose de gargalhadas infinitas.
M.
Há 2 semanas
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