quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Confissão.

Não pense que venho por amor à causa. Por fazer questão de levantar a bandeira. Até visto a camisa. Nada do que faço é em vão ou sem razão. Pode até ser sem paixão, mas nunca sou imparcial.
Há vezes até em que tomo as dores.
Confesso, venho pelo vil metal. Pelos mais mesquinhos motivos para estar aqui. Volto muitas vezes contra a vontade, mas sempre trago o coração. Sim, sei que, quando for, sentirei falta. Não do automático, mas do humano. Do dar 'bom dia' e recebê-lo. Com um sorriso ou entre dentes, não importa!, mas recebê-lo. Das piadas, das brincadeiras, das risadas, das pizzas e até dos problemas... mas do que for humano, palpável, compartilhável.
Sim, ainda há muito o que viver e ver antes de ir, mas espero que seja muito em intensidade, não tanto em tempo. Tenho desejos maiores, quero alçar vôos mais altos. O quanto antes, sim, tenho pressa!
Quero viver, quero sentir, quero fazer acontecer, realizar!
Não venho por amor à causa, mas admiro os que vêm. E sei que estes terão, por mim, quando eu for por amor ao pavilhão, o mesmo orgulho e admiração.

muy amigas...

Rebeca e Júlia se conheceram no Colégio.
Mesmo aos 11 anos, a primeira impressão não foi bem o que se chamaria de ruim, mas também não foi das melhores. Rebeca tinha ouvido falar que Júlia não era uma pessoa assim tão legal. Talvez falaram por ciúme. Talvez falaram por inveja. Talvez falaram só, mesmo, por falar. Mas Rebeca acreditou. Porque ela ainda confiava em quem falou.
E o tempo passou. Júlia se aproximou. E Rebeca mudou. De opinião e, com o tempo, de postura. Involuntariamente, causou ciúme. Inconscientemente, não deu atenção. Mas as pessoas crescem. Meninas sempre amadurecem. E, querendo ou não, sempre se esquecem das coisas que acontecem.
O tempo continuou passando e as meninas crescendo. Rebeca e Júlia se tornavam cada vez mais amigas. Até que chegaram ao ponto de 'quase-irmãs'. Contavam tudo uma para a outra. Partilhavam dores. Dividiam segredos. Sonhavam juntas. Multiplicavam alegrias. Eram felizes e sempre mais amigas. Aprenderam juntas muitas coisas.
Mas o tempo continuava a passar... as cartas e cadernos registravam os sonhos e pesadelos da adolescência. Elas pareciam viver as mesmas histórias. Com algumas variações... mas eram as mesmas histórias. Os romances não correspondidos, os primeiros beijos, as traições de amigos, as provas, as viagens... tudo elas contavam uma para a outra, faziam questão do registro, das cartas, dos cadernos.
A vida tentou separá-las com as mudanças de Júlia. Não conseguiu. Ao contrário, aproximou as duas ainda mais. Uma vez que perderam o contato diário durante as aulas, resolveram dedicar os fins de semana às fofocas e bicicletas. Pedalavam como se pudessem fugir dos medos que as afligiam. Não havia empecílio.
E o tempo, cruel, não parava de correr... terminou o Colégio, vestibular e uffa!, Faculdade! Elas continuavam amigas. Muito amigas. E pensavam que não mais se separariam depois da grande novidade: os amores verdadeiros que chegaram e se cruzaram nos caminhos delas. Tiveram certeza de que, com o Quarteto Fantástico em ação, a amizade seria invencível e elas se tornariam, definitivamente, inseparáveis.
Mais uma vez, o tempo se fez presente e mostrou que as pessoas mudam quando tomam rumos diferentes. Rebeca e Júlia já não eram lá tão parecidas assim... Já não sonhavam os mesmos sonhos. Já não contavam mais tudo uma para a outra. Elas cresceram e não tinham mais tempo para as cartas e cadernos. Elas mudaram e faziam planos diferentes dos delírios da adolescência. Elas não eram mais as mesmas. Talvez não significassem mais o mesmo uma para a outra. E o que viria para unir, acabou por separar.
Novos amigos vieram, novos ciclos se formaram. Alguns se cruzaram e se misturaram. Outros só serviram para destacar e acentuar a diferença entre elas. Rebeca sempre foi comunicativa e se adaptou bem a todos os grupos. Os dela e os de Júlia. Rebeca colecionava sorrisos e amigos. E Júlia contribuiu muito tempo nessa coleção. O contrário não aconteceu, Júlia se contentava com os seus amigos e não se misturava. Rebeca não se importava, mas, com o tempo, passou a ter que escolher com quem sair. E optava pelos grupos. Novos ou antigos, não importava. Júlia não ia. Não se enturmava. E isso as afastou ainda mais.
Além disso, a Faculdade as mostrou novos caminhos. Trouxe novas linhas de pensamento e estilos de vida. E elas se tornaram o completo oposto. No início, não fazia diferença. Até o dia em que começou a incomodar. As idéias e, principalmente, as experiências e vontades entraram em conflito. Uma já não se importava mais tanto com a outra. E o que parecia ser uma história de amizade eterna de princesinhas dos contos de fadas se tornou mais uma história comum.