domingo, 20 de fevereiro de 2011

Luna

O vento mudou. A Lua vai alta no céu. Amarelo-ouro.
Da sacada, cabelos esvoaçantes, olhos no horizonte observando a noite nascer. Admirando as nuvens e estrelas, pensa na vida… no que deveria ser sua vida… no que fez da sua vida.
O futuro lhe reserva tantos caminhos, que não se sabe qual será o seu destino.
Mais uma vez, precisa começar com uma escolha. Um passo à frente. Um passo em falso. Um passo decisivo. Toda a sua eternidade dependente de uma resposta.
A Lua é fonte de inspiração, descanso para os olhos, alimento para os sonhos. Amarelo-ouro…brilho reluzente. Pela sua cabeça passa um filme…do futuro.
Estaria o porvir de acordo com seus sonhos… ou seus devaneios ao alcance de suas mãos?
Sentindo a noite nascer, sentia, também, seus desejos possíveis.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Rosa

Sou flor aberta em luz
Botão fechado em cor
Pétala por pétala poesia
Aroma exalado por amor
Sou rosa aberta no tempo
Dançando ao som do vento
Respirando o sereno da noite
Suando o orvalho da manhã
Pôr-de-sol em estrela
Cor e dor a cada espinho
Rainha do jardim
Sou rosa aberta em poesia
que não tem fim

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Poesia noturna

O céu azul do dia se foi
O escurecer se aproxima
Caminhos se confundem
no breu da noite
embaçada pelo sereno.


A luz que vejo vem do luar
E dos pensamentos que me levam
a você
As cores que me cercam são da
noite que sorri
E das estrelas que me olham
E da lembrança de você

A cor do esmalte

Ameixa,
deixa
tua mão na minha mão.
Não aceito “não”,
só motivos para o coração.
Então vem,
os meus lábios nos teus lábios sem
juízo nem direção, só bem.
O meu corpo no teu corpo, vem
sem pressa, na contra mão, também.
Vem comigo que tá tudo zen.
Fora da multidão
eu me perco nas tuas curvas,
métricas,
cheiros longos cheiros
nessa noite sem regras,
definições,
simbologia,
medo de tremor,
torpor de tua boca
santa,
profana…
Meu bem,
vem sem pressa, vem comigo, vem.
Deixa tudo pra trás, meu bem.
Eu te quero na minha vida, bem
pertinho, carinho, também.
Você e eu, os anjos dizem amém.


Parceria com o querido amigo Carlos Valença.

Sopra teu gosto

Profana
em teus segredos
perdidos
no tempo não vigiado
onde nos escondemos…

Pandora
com a caixa aberta
desperta
desejos escancarados
roubados
lançados ao vento
atento
releio teus traços
espaços
aos quais não pertenço

Então penso
em nós
nus
ao luar
para amar até nos momentos perdidos
pela multidão
dopada sem amor
como o que vivemos

Queremos
um ao outro.
Devemos
momentos intensos
à lua
que é minha e tua.
Alma nua
e desejos,
imensos beijos.
E carne e corpo e suor.
Nada é maior
que o amor.

Esse amor pleno
de infantil desejo
da lua amorosa
da noite sem cortinas
que nossa infância reviveu.

Parceria com o querido amigo Carlos Valença.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É virose

Uma espécie (rara) de vírus me consome. Parece ter nascido, já, dentro de mim e ter vida própria. Aparece e desaparece quando bem entende. Na verdade, nem desaparece, permanece, mas se esconde.
E os sintomas são imperceptíveis. É vírus daqueles que não se sente até a situação se agravar. Tanto e a tal ponto de a reação ser externa. Como se todos à volta percebessem que falta alguma coisa ou que um pedaço parece ter ficado adormecido. E eu permaneço intacta, imóvel, insensível.
Esse vírus me ataca esporadicamente. E me tira algo tão meu que só quem me conhece bem sabe quando ele está presente. Conhecer bem nem sempre significa conhecer muito ou há muito tempo, mas reparar os detalhes gritantes que me saltam alma a fora. E há quem repare sem esforço algum. A esses, ainda não entendi como o vírus que me acomete não consegue atingir. Vai ver eles têm um olhar tão apurado que conseguem ver o vírus chegando e se protegem.
É uma virose daquelas! Do tipo que não tem remédio, nem controlado, que resolva. Talvez seja saudade. Talvez seja vazio. Talvez seja excesso. Talvez seja calor. Talvez seja tudo junto. E é esse tudo junto que separa.
O vírus que me pegou foi tão esperto e se escondeu tão bem que não dá nem pra saber quanto tempo ele pode ter de vida. Pode terminar agora, pode durar pra sempre, pode nunca ter existido.
O vírus que me ata os dedos e me priva as palavras parece ter vida própria. E segurar meus textos já desde dentro da alma. E não permitir que eles venham à superfície.
Espero que tenha remédio. Ainda que uma tarde em frente ao mar ou uma boa dose de gargalhadas infinitas.