domingo, 13 de junho de 2010

Gibiers de potence

Condenado à forca, o Poeta entristeceu-se. Não poderia mais transitar livremente pelas ruas da cidade recitando suas canções e poemas às belas mulheres por que passasse pelo caminho.
Vagava sem rumo pela noite, entristecido, cabisbaixo e sem vontade de seguir. Não cantava, não compunha, não dançava, não escrevia, não sorria... não tinha forças para ser alegre. Seguia triste.
Até que um rouxinol abriu as asas sobre ele e lhe trouxe de volta as cores da vida. Esvoaçante, a Cigana tomou o Poeta pela mão e dançou com ele. E dessa dança nasceu um lindo girassol. E o Poeta sorriu.


Desde então, não parou mais de sorrir e de compor. Livre do destino cruel, o Poeta vivia cada dia como se fosse o último, único dia de sua vida, e já não chorava mais. Aprendera o sentido real em se viver e acompanhar o colorido dos dias.
E toda noite, madrugada ou manhã, quando se deitava, antes de dormir, o Poeta se lembrava daquele girassol que nasceu do rodopio da saia da Cigana...

Saudade

A chuva que molha o rosto é de lágrimas. O frio que impede o sono é a solidão. Juntos, ensinam o significado não das palavras, mas de todo sentimento.
Estar só não significa não ter ninguém, mas mostra o quanto é vital estar perto.
Ao menor sinal de carinho, o coração acelera, as mãos gelam, as pernas tremem, falta o ar... e o peito é preenchido por uma sensação sem nome, sem descrição, sem tradução.
Ao somatório de tantos sinais, mesmo sem ainda compreensão total, ao longo dos séculos, se tem chamado saudade.