segunda-feira, 18 de maio de 2009

mais da mesma

Ela precisa voltar a acreditar,
voltar a sentir,
voltar a ser o que outrora fora.
porque ela perdeu alguma coisa
e não sabe se vai encontrar.
Ela não sabe.
não mais.



Filha do Vento para Morena Rosa.

A Gata

ela é branca. de pelo macio.
tem olhos azuis e unhas afiadas.
gosta de brincar entre as margaridas do jardim
e de ronronar quando recebe carinho.
se pudesse escolher,
passaria os dias em sua almofada lilás
bebendo leite
e vendo cintilar sua coleirinha dourada
com pingente em forma de flor.
ela é mimada. mas um doce.
simpática e educadíssima, não estranha ninguém.
parece sempre sorrir para quem passa por perto.
ela é de raça. tem porte e faz pose.
só anda empinada como quem quer chamar a atenção
e quando não é notada, se espreguiça, toda charmosa, até ser percebida
e acariciada.
ela é carente. adora um sorriso.
ela é uma lady. fina, delicada e tratada como merece.
ela é Ágatha, a Gata do Palácio Real.

normal?

Ela se encontra em pessoas mais desencontradas que ela. Se acha louca, mas, perto deles, percebe que nem é tanto assim. Ou vê que consegue ser pior.
Ela não é, mesmo, das mais parecidas com o que se vê por aí. Vive fora dos padrões. Se comporta fora de todos os padrões e modelos esperados segundo sua idade e ciclos.
Mas ela não é -exatamente- o que se costuma chamar de louco. Ela só é diferente. Não é comum que nem toda essa gente.
Ela é normal, só não é igual. Faz questão de não ser, é sua identidade.
As pessoas costumam dizer que ela tem um brilho próprio. Que é tão especial que até ilumina os lugares por onde ela passa.
Seu sorriso é revitalizante. Seu abraço, reconfortante. Ela é um poço de carinhos e sentimentos.
No fundo, nem é diferente, mas, desde sua essência, ela só não consegue ser igual.

Pé de Guerra

Eles têm se deixado levar por qualquer coisinha. Qualquer pequeno atrito já os faz fechar o tempo, mudar as feições, engrossar a voz e desviar o olhar. A convivência tem sido difícil. Às vezes não dá pra suportar. É fase, os dois sabem que vai passar. Mas ela tem medo de demorar. E ele parece não se importar.
O uivo dos ventos que trazem a tempestade assusta. Os primeiros raios surgem nos olhos, vermelhos. Lágrimas de chuva escorrem lentamente. Ecoa o estrondo dos trovões, oriundos das batidas dos corações no fundo de um peito que parece oco, vazio...
O que os acalma é que a semente já foi plantada e não se pode mais voltar atrás. É amor, um laço forte que nenhum vento desfaz.
A tempestade rega e tempera o terreno para que as flores possam surgir na próxima estação.