domingo, 8 de agosto de 2010

La fleur volée

me trouxe uma flor roubada, daquelas que tem mais graça. colhida no jardim do vizinho. daquelas que pulam do muro, pedindo pra serem roubadas. levadas à amada que espera no portão.
me trouxe um sorriso discreto, daqueles que tem mais graça. no canto da boca, sem graça, sem jeito, com medo de não aparecer. daqueles que são os mais sinceros e mais contidos. levados à frente quando não se tem mais o que oferecer.
me trouxe um abraço verdadeiro, daqueles que tem mais graça. forte, sincero, único, apaixonado. daqueles que falam por si e não precisam de tempo para terminar. levados ao extremo quando se ama e não precisa mais de palavras.
me trouxe o seu coração. porque já tinha, nele, o meu.

~ das melhores lembranças

Eu parei pra me lembrar de tudo o que fomos até aqui. E só consegui sorrir. Porque mesmo as brigas e lágrimas derramadas vieram pra estreitar o laço e enfeitar e colorir a nossa união.
De tudo o que vivi com você, os sorrisos sempre foram a melhor parte.

E ela

Chegou com olhar perdido de quem não conhece o caminho que faz. Seus olhos buscavam alguém ou algum indício de estar na direção certa.
No abrir de uma porta, seus olhos se encontraram: a certeza do objetivo alcançado e o sorriso de acolhida. A tranquilidade tomou conta de seu pequeno coração.

Do não pertencimento

O que antes era vital, essencial, já me parece sobrar.
Se ontem não vivia sem os antigos, hoje, mais do que nunca, preciso dos novos.
Sinto as asas presas, atadas, limitadas. Nem os sonhos cabem mais por aqui. Preciso de liberdade, espaço, vida nova!
Que a saudade seja combustível para afastar o esquecimento. Mas que os novos ares sejam necessários e alimentem os sonhos e renovem as forças para as asas jamais se fecharem.
O coração permanece, mas a alma precisa sair. O mundo me chama, já não pertenço mais a este lugar.

Preciso!

Já não pertenço.
A parte de mim que existia aqui foi pra algum lugar que não sei onde.
Preciso dela pra sobreviver. Não sou eu, subexisto.
Alguém fechou a porta e senti pular pela janela tudo o que me prendia e trazia sorriso e fazia viver.
Quero de volta. Preciso!
Já não me reconheço neste lugar, nestas pessoas, nestes fazeres. Preciso de volta as minhas asas libertas, abertas, cobertas de desejos e planos e vontade de voar.
Não sou o que fui, sou menos. Preciso de mais! Preciso de volta as minhas forças e vontades de crescer.
Preciso abrir as asas e voar. E sempre que for preciso, ter um lugar para onde possa voltar. Preciso do mundo que grita de dentro de mim querendo encontrar o mundo que existe aqui fora e espera minhas asas e sonhos em algum lugar.

~ Carta para o melhor presente

Meu melhor,

escrevo-te para dizer o que já sabes, ainda que eu nunca tenha dito com todas as letras.
O meu coração só se acalma quando converso contigo. E conto tudo aquilo o que me aflige ou alegra em demasia.
Mesmo tendo outros amigos, que me conhecem há muitos anos, que cresceram comigo, que me viram chorar e sorir por todos os motivos... mesmo te tendo há pouco tempo do meu lado... mesmo tendo passado, contigo, por todas as coisas que somente nós sabemos que passamos, é em ti que vejo meu sorriso mais sincero, é contigo que sou, verdadeiramente, eu. Sem máscaras, sem armaduras, sem polimento ou qualquer tipo de disfarce.
Agradeço por confiares a mim teus segredos, por seres puramente quem és, por mostrares tua alma à minha e seres sempre aquele com quem posso contar.
Agradeço por seres meu melhor amigo, confidente, salvador, parceiro de samba e de mesa de bar, companheiro de caminhada e aventuras, mão para atravessar a ponte, ombro para chorar ou dormir, abraço, sorriso, olho brilhando, gargalhada.
E desejo que o que construímos até aqui supere a distância que o tempo tenta impor e todas as mudanças por que, inevitavelmente, passaremos.

Um beijo com todo o meu carinho,
Tua Morena.

Flores, amores e blablablá

chegou com flores roubadas do jardim da vizinha.
nunca fizera isso antes. era a primeira vez.
que motivo teria?
sabia que a chateação era tanta que não passaria com um beijo ou um simples pedido de desculpas ainda por telefone. e chegou com flores roubadas, só por ser diferente. só por ser romântico. só por mostrar que também sabia agir dessa forma.
pena a chateação não ter passado. seria cena de novela.
mas foi melhor assim. ficou de lição para a próxima vez. mesmo que se espere que tenha sido a última.

Das distâncias que o tempo impõe

Tenho medo do que possa ter me tornado depois de tudo o que vivi até aqui. Vejo os meus, aqueles que eram tão próximos e tão fáceis de ler, tão completamente diferentes do que eram nas minhas mais doces lembranças, que tenho medo de não ser mais sombra de quem eu era.
Distanciamo-nos, em tantos aspectos, do que fomos, que parecemos outras pessoas, nascidas em outras épocas, vivendo outras vidas. Será que nos tornamos aquilo o que nunca quisemos ou que sempre rejeitamos?
Sinto uma tristeza tão grande quando vejo que já não sinto o mesmo bem estar que pensava sentir, que sentia, que fora tão natural um dia.
As pessoas mudam, eu sei, mas a sua essência deveria permanecer a mesma. Sinto falta, não de uma pessoa especificamente, mas do que eu era e de como me sentia quando estava com esse alguém que já não reconheço mais.