domingo, 9 de maio de 2010

Estrela Verde

O Poeta segue seu caminho errante pelas ruas da cidade.
Ele vai levando cor e alegria aos corações que esbarram no seu. Na mão direita, sempre uma rosa vermelha pronta a ser ofertada à mulher que lhe amar olhando o fundo de sua alma que salta aos olhos. Na mão esquerda, todos os sentimentos que vêm do coração daquele amante medieval se transfiguram numa estrela verde.


Vermelha porque é paixão. Verde porque é esperança.
O Poeta, apaixonado pela vida, traduz amor e poesia e música nas trovas repletas de esperança numa vida melhor a cada dia que passa, seguindo no seu caminho errante pelas ruas da cidade.

cinco minutos

eu fico impressionada com a capacidade que você tem de me irritar. em cinco minutos todo o amor que declarei escorre por água abaixo. como se nada do que foi dito antes tivesse valor, ou como se eu falasse pras paredes. você não atende aos meus telefonemas, não me busca nem me leva em casa, não percebe que eu pintei as unhas de azul e cortei o cabelo chanel. você não se importa se está tarde e eu não sei voltar pra casa. você não sabe os meus horários nem os lugares que freqüento e não conhece os meus amigos. você não me faz surpresas, não manda flores, não me leva ao cinema nem se esforça pra me agradar. tem dias que eu pareço acordar do lado de um ser estranho. será que você me conhece o suficiente? será que eu sou tão difícil de conviver? e depois de outros cinco minutos, pedimos desculpas e volta o mesmo amor de brilhar os olhos que deixamos guardado durante tanto tempo.

só o seu

o seu amor me ataca
me invade
me inunda
me cerca
me afoga
me tira os pés do chão
me faz ser quem nunca esperei
me faz sentir a única mulher que merece ser amada.
o seu amor me faz sentir o sangue correr pelas veias
o ar entrar nos pulmões
a vida pulsar no meu peito.

saudosismo

às vezes a vida me dói num pedacinho que não sei explicar
não tem cura nem remédio
não tem solução.
esse pedacinho que dói é vermelho e bate
e alguns a ele chamam coração.
não sei se é mesmo coração
pra mim, mais parece saudade
daquelas coisas que podem nem ter acontecido,
mas é saudade, ou sei lá,
aquele sentimento de que ainda falta alguma coisa
um sentimento sem descanso que atrapalha a rotina bate-bate do coração.
um pedacinho de saudosismo que vem e vai e fica no coração.

La Cour des Miracles

Numa noite iluminada pela Lua, saindo do Cabaré, o Poeta se viu num lugar pelo qual não costumava passar, cercado de pessoas que não costumava encontrar e que ele não conhecia. Eram os Ciganos, estrangeiros que pediam asilo a qualquer vila que os acolhesse. E a cidade do Poeta os havia recebido, de olhos fechados e portas entreabertas.
Detido pelos Ciganos sob acusação de invadir um território que não lhe cabia, o Poeta não teve oportunidade de se justificar. Os estrangeiros não o conheciam, logo não se sentiam culpados de privar as ruas da cidade da poesia apaixonada daquele eterno amante da Lua.
Acordou um tempo depois, ainda desnorteado, e não estava sozinho, porém os olhos que o observavam eram mais doces que os que os aprisionaram. Os olhos verde esmeralda da Cigana tinham um misto de compaixão e carinho ao admirar o Poeta deitado em seu colo, semi desperto, de peito nu e longos cabelos cobrindo o rosto.
Mais uma vez, seus caminhos se cruzavam e o Poeta se via nos braços daquela que lera sua mão e tocara seu coração.