sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Primaveril

Eis que chegava a estação favorita.
Depois de um árduo inverno, as flores começavam a surgir e delicados raios de sol iluminavam sutilmente a paisagem. O primeiro fim de tarde da primavera começou com mãos dadas pela areia.
Uma brisa suave os impulsionava a seguir em frente a passos lentos, leves e ritmados.
Pareciam duas crianças. Sorriam e brincavam como se o mundo parasse para os dois passarem.
À medida que o sol se deitava na linha que o mar faz com o céu alaranjado, crescia nos jovens corações a sensação de que aquele momento duraria por toda a eternidade.
Olhares carinhosos, dedos ainda entrelaçados... os lábios se tocavam em silêncio enquanto apreciavam o sol se por. E então o silêncio era substituído pelo som das ondas nas pedras da praia, pelas gaivotas, pelo vento que os abraçava, distraindo-os.
O perfume da flor que a menina trazia no cabelo se mesclava a maresia. As cores que carregava compunham com o alaranjado do céu.
Nunca uma tarde fora tão perfeita.
Eis que chegava a estação favorita.
E trazia de volta o calor, as cores e os sabores do amor.

Encanto.

ela foi mais longe.
voou mais uma vez.
e cada vez mais alto.
foi para terras de além mar. foi pelo céu.
e se encantou.
foi até onde a sereia chega perto da areia pra cantar ao luar.
virou sereia. cantou.
encantou pescadores desprevinidos que navegavam.

- rotina

Todas adoram. E ela não seria diferente.
Mais um dia como outro qualquer na rotina daquela moça. Ela acordava, se arrumava e saía. Ia para o trabalho, trabalhava, conversava sobre coisas aleatórias com as colegas das mesas ao lado, lia emails, respondia a alguns... nada demais.
E aí chegava a hora do almoço. Ela descia, almoçava e voltava. Nada demais. Mas a cada dia acontecia uma coisa diferente.
Hoje, quando foi almoçar, foi pega de surpresa por um telefonema. Subitamente, aparecera alguém para lhe acompanhar.
E não era um alguém qualquer. Mesmo que fosse o de sempre, era uma ótima companhia. Fazia todas as vontades dela, dava tudo o que ela queria, sabia conversar... uma gracinha.
Todas adoram ser paparicadas. Ela não seria diferente.
E quando conversam sobre isso, só há uma conclusão.
Todas adoram cachorrinhos. Ela não seria diferente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As pessoas são borboletas

Sempre me disseram que as pessoas mudam. Eu nunca acreditei. Até agora.
Analisando a última década (em cinco minutos) percebi que as pessoas mudam, sim! Muito e em pouquíssimo tempo.
Pude ver que, nos últimos 10 anos, eu deixei pra trás infância, adolescência, teimosias, manias e incertezas.
Amadureci, cresci e me dei conta de que sensibilidade e bom humor não fazem mal a ninguém.
Descobri que amor é composto de pequenos gestos e relevar certas coisas é sempre o melhor caminho.
Aprendi que segurança (e auto-confiança) se conquista e que os sonhos é que movem o mundo.
Reconstruindo os meus últimos 10 anos, cheguei a uma bela conclusão : as pessoas são como borboletas. Se metamorfoseiam a cada passo, a cada estrada, a cada caminho que a vida impõe.
Isso é felicidade!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Fruta de vez temporana"

Mulheres. Tudo o que se vê em volta dele são mulheres.
Pudera, com esse sorriso de menino, essa cor de pele e esse jeito descolado, não poderia ser difetente. Contrariaria a natureza humana.
Moreno, alto, dentes alvos, de pés quase sempre à mostra, esse menino desconcentra qualquer alma desavisada que cruzar o seu caminho.
Ar veranista, sorriso despretensioso, ah, dispensa comentários...
A Praia e o Casarão compõem muito bem a harmoniosa paisagem.

Menininha.

Estilo colegial : saia, batinha, bolsa no ombro e cadernos nas mãos. Rabo de cavalo meio solto, franja um pouco desfiada... e sua marca registrada : o velho companheiro, já gasto e descolorido, All Star.
Ela não é daquelas de se virar o pescoço. Mas há quem pare pra olhar.
Ela é muito mais bonita pra quem conhece de verdade, de perto.
Mas alguma coisa ela tem pra deixar essa vontade de conhecer... mesmo que nem ela saiba explicar o que.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ah, vida!

Já não vejo mais o mundo com tanta poesia.
Não ha mais tanto espaço pr'aquela velha alegria.
Se perdeu a magia que havia.
As cores, as flores e as borboletas se tornaram inconstantes.
Vão e vêm e somem em rompantes.
Já não sou mais a mesma de antes.

sábado, 24 de outubro de 2009

Crianças

Eles -definitivamente- não se entendem.
Parecem duas crianças.
Estão muito bem, conversando, e...
(do nada!)
por uma brincadeirinha,
toda a paz desmorona.

Primavera

Ah, o bom e velho vestido. Estampado, colorido, leve, fresquinho... modelando as curvas femininas que Deus me deu. Sandália de dedo, chinelo, havaianas. Vento fanfarrão ameaçando mostrar o que, mesmo com pouco pano, o vestido esconde. Susto que sempre termina numa gostosa gargalhada.
Calor. Sol refletido nos óculos. Bolsa pesada no ombro esquerdo. Suor. Realidade : ODEIO VESTIDO!
Principalmente quando tem alguém usando um bem na minha frente e eu estou de calça jeans e tênis... indo trabalhar.
¬¬


Deeeeeeeus, me ateeeeeeeeeende : EU QUERO TRABALHAR NA PRAIA!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

TPM de quinta

Detesto gente que toma conta do ambiente. Gente que não pertence àquela realidade e tenta se inserir à força. Tipo no bar. Muita gente que, antes dos copos necessários para tanto, começa a falar alto e impor sua conversa aos outros. Crianças que fogem da escola pra beber escondido dos pais e gritam aos quatro ventos as atrocidades que cometem e fazem questão de contar as últimas fofocas. Fatos (e até erros) dos seus amigos que nem estão perto pra se defender. Garotas que falam e se comportam como homens para se firmar ou parecerem ser melhores que as outras. Ah, e as mentiras... aumentam e complicam histórias simples que nem se sabe se realmente aconteceram. Nunca se saberá. Pobres crianças... mal sabem que os pais não são os idiotas que elas pensam, sabem o que elas fazem e já até fizeram pior. Só que, à maneira deles, conseguiamse organizar, pretendiam mudar o mundo. Chego a ter pena dessas crianças que não conseguem mudar as próprias roupas sem olhar pro amiguinho do lado ou pra tv.


Alguém me salva dessa realidade invasiva?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Terça-feira.

Viver de desprazeres não é natural.
Mas é possível acostumar-se.

Mais um dia que deu errado em meio a uma rotina de tantos outros dias.
Às sete da noite, sentada em frente ao mar, à beira da praia que inunda seu caminho rotineiro ao menos duas vezes por dia, ela sente.
Sente frio. O vento uiva em seus ouvidos, arrepia-lhe os pelos, resfria-lhe o corpo, levanta a renda da barra de sua saia...
Sente falta. Espera o namorado que está a caminho e lhe trás seus pertences, esquecidos no último fim de semana que passaram juntos.
Sente tristeza. Seu dia desandara desde os primeiros passos da manhã.
Mas, olhando o mar, ela decide não pensar em nada disso...
Não consegue. Por mais que tente, como um furacão, ela sente.
Sente fome. Sua última refeição fora um lanche à hora do almoço. Engolido às pressas em função do já conhecido (e rotineiro) atraso para a aula. O trabalho a consumia em larga escala.
Sente raiva. Foi obrigada a recusar um convite dos amigos por incompreensão. Ela não podia ir, eles não entendiam o porquê.
Sente arrepios. O vento continua a esfriar-lhe o rosto e levantar-lhe a saia.
Sente medo. E o guarda a sete chaves.
Sente solidão. Mesmo o vai-vem de pessoas ao seu redor não a faz sentir-se acompanhada.
Sente o mar. As dores do mar. A frieza do mar. A fraqueza do mar, que, desanimado, não consegue erguer suas ondas.
Sente o céu. O movimento das pesadas nuvens que se arrastam a faz sentir a chuva que virá.
Sente o vento. Além do frio, das baixas ondas e dos uivos, o vento lhe traz um certo conforto.
Ainda gelada, a menina olha em volta buscando os braços quentes que a irão receber. Seu namorado ainda não chegara. Mas estava a caminho.
Como forma de escapismo, de abstração ou mesmo de distração, ela escreve. E sente. E escreve sobre o que sente.
O vento decide castigá-la. Aumenta, atrapalha, dói. Mas ela insiste. Em escrever e em sentir.
O telefone toca. Ansiosa por escrever, ela demora a atender. Curiosa por natureza, interrompe o texto. Não é a que ela esperava ouvir, mas uma voz familiar do outro lado linha aquece o seu coração.

Esquisitos

Eles são muito parecidos. Vêem o mundo quase da mesma forma. O ângulo de visão muda muito pouco. A Academia em curso dele ainda se encabula perante a já completa dela. Mas mesmo assim, os ideais são os mesmos. (MARX!) Eles não seguem os padrões. Já no jeito de vestir e se portar dá pra perceber. E quando conversam sobre gostos e experiências, notam-se as peculiaridades que só as pessoas como eles têm. Eles são esquisitos. Nem todos em volta são capazes de captar a essência e a doçura que ambos exalam. A personalidade infantil dele é refúgio para as dores que a vida causou ao coração dela. A esperança é madrinha do carinho que começa a crescer depois de uma oportunidade que ela teve de olhar para ele com outros olhos.
A Fada dos Encantos já passou. O que falta é o Cupido acertar a flechada.
Eles são tão esquisitos que ninguém vai reparar...

Harmonia dos Passos

Eram três passos iguais.
Três passadas repetidas.
Seis pernas andantes.
Três corações pulsantes.
Três vidas interligadas,
levemente entrelaçadas.
Eles eram as pontas do laço.
Ela era o nó.

30/04