quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

. ça c'est merveilleuse...

nunca pensei que pudesse acontecer.
não comigo.
não dessa maneira.
não com tanta intensidade.
me sinto leve. vôo alto sem sair do chão.
me sinto linda. e posso ter acabado de acordar.
me sinto segura. como se nunca houvesse sofrido.
me sinto calma. como se o furacão que sou por dentro estivesse contido.
me sinto livre. mesmo em laços tão firmes e tão fortes.
me sinto completa. mesmo sabendo que sou só metade.
me sinto mulher. ainda que não passe de uma menina.
estou completamente apaixonada.
pela vida. pelo novo. por nós. por você!

pela primeira vez com tanto sentimento e certeza.

~ Réveillon.

num futuro não muito distante...
nós vamos ficar juntos
pegar sol quando for dia de sol
tomar banho de chuva quando for dia de chuva
andar de mãos dadas
pés descalços na areia
salgar o mesmo suor dos corpos molhados
gosto de beijo
cheiro de terra molhada
cor do pecado.
avareza. não te divido com ninguém
te quero sempre comigo. meu. para mim. para sempre.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

* que tudo se realize *

fim de ano.
sempre o mesmo blablablá.
- ai, engordei no Natal!
- esse ano eu vou estudar!
- ano que vem eu começo a dieta!
- agora eu arrumo um emprego legal!
mas no final
acaba tudo sempre igual.
as mesmas promessas, as mesmas tristezas, os mesmos fracassos...
sai dessa! ano novo é festa.
esquece o que passou, veste a melhor roupa e vamos comemorar!!!

- Morena

Ela é parte de mim
Eu sou inteira ela
Ela saiu de mim
Eu vivo nela
Somos parte de um todo
Que se completa a cada dia
Hoje sei que sou
Por inteiro
Metade Morena
E ela caminha para ser
Por inteiro
Metade Rosa
Os dias ensolarados
E as noites sempre estreladas
Que vivemos
Nos completam, às duas,
Em nós.

domingo, 27 de dezembro de 2009

conversas de copos batidos

- há muito tempo eu não via velhinhas de cabelo violeta.
- há muito tempo eu não sentava a uma mesa de bar no meio da tarde com o sol brilhando lá fora.
- há muito tempo eu não parava o que estava fazendo pra ver desenho animado na sessão da tarde.
- há muito tempo eu não pensava em mistérios: por que o suco de laranja da rua não gela como o de casa? |o mistério do suco de laranja|
- há muito tempo não contava: éramos três, agora somos quatro.
- há muito tempo eu não ria de coisas tão pequenas.
- há muito tempo não percebia que amo as pequenas coisas da vida.
- há muito tempo eu não passava tanto tempo sorrindo por relembrar a infância.
- há muito tempo eu não via a beleza que se esconde atrás de certos gestos e detalhes.
- há muito tempo eu não sentia que precisava mudar e voltar a sonhar sonhos que insistem em fugir.
- há muito tempo, mesmo que em pensamento, eu não agradecia em vez de reclamar.
- há muito tempo eu não chorava tanto ao ponto de sentir uma dor que não era minha, um medo estranho e uma vontade de gritar minha mãe.
- há muito tempo eu não pensava no que há depois da morte para quem fica e para quem vai.
- há muito tempo eu não queria ser criança sem precisar voltar a ser.
- há muito tempo eu não queria ser qualquer outra pessoa sem precisar deixar de ser eu.
- há muito tempo eu não sentia saudade de ser quem não sou mais.
- há muito tempo eu não celebrava a falta do que fazer em meio a tanto a ser feito.

- há muito tempo eu não sentia tanta vontade de chorar mágoas contidas.
- há muito tempo eu não escutava pessoas falando "que brisa boa!" .
- há muito tempo eu não pensava em como funcionaria um boliche humano.
- há muito tempo eu não imaginava que desgraças coletivas podiam acontecer perto demais.
- há muito tempo eu não percebia olhares que ninguém percebe.
- há muito tempo eu não lembrava que há muita coisa que não lembro. será que apaguei tudo o que era pra ser lembrado?
- há muito tempo eu não sentia que não pertenço a este lugar.
- há muito tempo eu não queria voltar a um tempo em que obrigações eram coisas do futuro.
- há muito tempo eu não sentia falta de olhar um olhar que vê o que não consigo ver.
- há muito tempo eu não tinha vontade de ir embora ...
- há muito tempo eu não sentia que não saber o que escrever é sinal de cansaço.
- há muito tempo não vejo estrelas cadentes.
- há muito tempo não tinha tanta certeza de que o mundo é injusto.
- há muito tempo não me questionava sobre a minha existência.
- há muito tempo ...

Há muito tempo ela não ficava sem dizer que o texto também é meu...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Arte.

A Arte está intrínseca a seres iluminados.
A Arte se transpira, se transporta, se transborda desses corações.
A Arte é como uma árvore que mantém suas linguagens voando com os pássaros, encantando e encontrando corações sem deixar de ter raízes profundas que as mantém presas ao real.
O sonho nada mais é que a arte de voar sem tirar os pés do chão.

Pudera existir um ateliê para palavras...


em comentário à postagem dos irmãos Valença.

Espelho - parte I

Aos 60 anos, ela estava muito bem para quem tinha deixado tanta coisa para trás.
Arrependimentos, escolhas erradas, viagens perdidas... mas o que a levava em frente eram sempre as melhores lembranças. Do tempo que passou, não volta, mas ela guardou em tantos retalhos. Nas cartas, nas fotografias, nos recortes e, principalmente, no coração.
Um dia, como outro qualquer, em seu passeio pelo parque, se deparou com uma moça que se parecia muito com ela quando mais jovem. Vendo o sorriso e o jeito da menina sentada ao seu lado, não se conteve. Perguntou-lhe o nome e iniciou uma conversa agradável. A menina era educada e simpática, exatamente como ela fora quarenta anos atrás.

(...)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Personagem

Sim, ela é uma personagem de cinema mudo. Seus pensamentos e sentimentos escorrem pelos poros. Ela é absolutamente transparente e claramente decifrável. Mesmo à distância, dá pra ver, com riqueza de detalhes, o que se passa em sua cabeça e coração. O sorriso dela mostra, com tamanha beleza, a profundidade da sua alma. Os seus movimentos são dança sem som, poesia escrita no caminho por onde ela passa. Definitivamente, ela é uma personagem de cinema mudo. Suas expressões marcantes e gestos fortes pontuam a necessidade que ela tem de se comunicar com o corpo. Seu olhar a denuncia, projeta seus sonhos e desejos mais secretos num breve piscar. Ela é uma personagem de cinema mudo. Exceto por um detalhe: suas cores. Ela vai além do preto e branco e se arrisca num ousado cor de rosa.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

I be-live.

Eu acredito em alma gêmea e em eternidade.
Mas é preciso vontade e disposição para isso.

_calma alma minha

Minha alma se eleva. Ao mesmo tempo em que o oxigênio me invade, inflando-me os pulmões, a chuva que cai lá fora me inunda de sensações.
Minha alma se inquieta. Os uivos do vento, o clarão dos raios e as cores da chuva me perturbam.
No coração ecoam os ruídos dos trovões, como o canto dos desesperados.
Minha alma se esvai. Derrete com a chuva que arrasta suas certezas em vez de, simplesmente, lavar.

DESISTO!

Não quero que me compres presentes.
Não quero que te preocupes comigo.
Não quero que me telefones.
Não quero que me ofereças coisas.
Não quero que percas teu tempo pensando em mim.
Não quero que faças por mim nada que não for verdadeiro.

confissão

No começo era só implicância. Eu confesso. E você sabe disso.
Mas agora é quase um desejo de grávida, ainda mais com esse calor...
Tudo o que eu mais quero é um suco de caju!!!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Oh!

que visão!
você subindo a rampa acelera o coração.

. headphone .

" você não sai da minha cabeça
e minha mente voa "

fita no tornozelo direito.
brinco na orelha esquerda.
óculos escuros quase máscara de Carnaval.
ombros e pés à mostra.
olhar maroto.
sorriso estampado no rosto.
ar veranista que compõe com a Praia.
água de coco. suco de fruta.

"
você não sai, não sai, não sai, não sai... "

transparente

me pediram uma explicação pros meus sentimentos.
mas como eu saberia explicar?
me peguei viajando nisso e descobri que, nos meus devaneios, penso que seja algo em torno dessa fixação adolescente, de algumas desilusões, de algumas tristezas acumuladas, das chateações, do afastamento... essas coisas

todas juntas e misturadas dentro de um coraçãozinho que mal se agüenta
e as poucas amizades que eu fiz na faculdade
o medo de um mundo inteiro desmoronar na minha cabeça
as incertezas de um futuro muito próximo que vem correndo na minha direção, me encurralando, não me deixando escolha nem saída
mas enfim... são devaneios... ou sei lá. impressão
às vezes eu sinto como se um mundo inteiro pesasse nos meus ombros e pudesse me derrubar a qualquer momento
e é estranha a sensação
mas passa depois de um tempo
sim, as incertezas são normais. agradeço a Deus por elas. se eu tivesse certeza de tudo e acertasse sempre, não seria feliz nunca
x)~
as amizades... sei lá
quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que não criei laços suficientes pra um curto espaço de tempo que eu chamo de "o resto da vida"
é como se ainda faltasse um pedaço

uma parte essencial
que eu não sei qual é
mas que, na minha cabeça, deveria vir dessas tais amizades que eu pensei construir/cultivar/cativar.
mas não vem.
e eu continuo sem saber o que é que falta.

insistiram em perguntar-me o porquê das coisas. das obrigações que me imponho. das cobranças que me faço.
a resposta não seria outra que não medo.
tenho medo. assumo. reconheço. sempre tive medo.
nunca confiei o suficiente no futuro pra seguir de olhos fechados e ver onde ia dar.
sempre precisei de uma mão no ombro pra guiar o caminho. ou uma mão estendida pra me levantar.
o maior medo que eu sempre carreguei comigo é o da solidão.
eu não sou perfeita. nem quero ser. e sei que as pessoas me veem com meus defeitos também.
tenho medo de chegar o dia em que eles serão gritantes e aqueles que eu amo (porque o amor pode ser, sim, um sentimento unilateral se não se cultivarem as sementes corretas) vão me virar as costas.
tenho medo de acordar no escuro e não saber sair do lugar.
mesmo que algumas lembranças me mostrem uma certeza indiscutível de que nada disso acontecerá.
vai saber. são devaneios. quem disse que alguma parte disso tudo é real?

domingo, 22 de novembro de 2009

O sorriso

O Gato me sorri da Lua outra vez.


E, agora, com a cabeça do Coelho entre os dentes.
O que será que isso quer dizer?
Que os meus pensamentos estão sendo, ainda, consumidos?
Talvez...
Agradecerei se forem devorados e desaparecidos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

- believe me

Não acredite em uma palavra do que eu digo.
Na maioria das vezes eu só queria escrever.
Desabafar.
Escrever alivia. Passa. Sara. Resolve.
Ou engana. Vai saber...
Mas melhora.

be-atriz

Acredite, às vezes eu queria ser atriz.
Viver, declaradamente, várias vidas que não fossem minhas.
Só pra ter o prazer de chegar em casa e poder me despir de todas elas.

O sorriso do Gato

O Gato me sorri da Lua. Meio sombreado pela minha janela.
Uma aura o envolve. Parece permanecer fixa em mim.
O Gato me sorri da Lua. Mais uma vez não me deixa em paz.
Parece estar me vigiando. Agonizando meus sentimentos de longe.
O Gato me sorri da Lua. Sorri de mim e das minhas tristezas.
Parece feliz em me ver remoer o que sinto.
O Gato me sorri da Lua. E não é para mim.
Definitivamente.
O que o causa tanta alegria é exatamente me observar.

água de chuva

'' estava ali. me confundi. pensei que fosse o Céu.
o Azul do Mar me chamou e eu pulei
de roupa e de chapéu "

Confusão.
Sentimentos estranhos, pensamentos que não deveriam existir...
Talvez o necessário fosse um motivo pra chorar.
Lavar a alma.
Chorar cachoeira que arraste os pesos de uma consciência outrora tranqüila.
Chuva de lágrimas que encha os olhos vazios.
Água da mais pura que carregue a impureza da culpa.

'' felicidade bate à porta
e ainda ri de mim "

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Amor e mais...

Eu te amoMas só amor já não me bastaQuero me apaixonar(Novamente e sempre por você)É preciso paixãoÉ preciso calorÉ preciso mais que pele e coraçãoMuito mais que suor e sabor




(possivelmente inacabado. encontrado em meio a rabiscos antigos. providencial)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bem te vi.

Toda vez que se cruzam, os olhares se encontram. Ele fixa os olhos nos dela. Ela estremece. Sustenta por um tempo, mas logo se lembra de sua condição. Enrubesce. Pisca. Obriga-se a desviar. Olhos, mente e, principalmente, coração e seus desejos.
Apesar da disritmia causada, não há gestos, não há comunicação, não há interação. Sobrevivem sem trocas. O único contato é visual, distante, por um fio não chega a ser impessoal.
Mas ela não se contenta. Quer (e espera) sempre mais do que sempre tem. Talvez seu desejo mais profundo fosse ser como ele. Abrir-se em asas de liberdade total. O desejo dele não sei. Talvez provocá-la inconscientemente. Com seu olhar e compaixão.
Ela se sente enraizada. E está. Mesmo assim, a
Flor insiste em confrontar a sua realidade com a do Bem-Te-Vi.

domingo, 8 de novembro de 2009

Arroz doce

Ele está em todas! Conhece muitas pessoas, se dá bem com a maioria delas e é sempre o primeiro a ser lembrado quando rola alguma festinha.
Só que, de uns tempos pra cá, tem se visto seguido de perto por um outro rapaz. Não tão conhecido nem tão querido quanto ele (ou pelo menos ainda não). Mas, certamente, alguém que lhe tem como exemplo e que espera ser, um dia, tão bom quanto ele.

sábado, 7 de novembro de 2009

~ Ciclos

Para de correr em círculos! De atrasar e repetir a sua própria história.
Erros servem para nos levar pra frente, não voltar ao mesmo lugar.
Voltar atrás, às vezes, é preciso. Estagnar é burrice!

Use a inteligência. Faça diferente. Reveja-se, não repita, não se reprima : VIVA!
Vá adiante, seja feliz! Mas me promete uma coisa?

Não se esquece de mim?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pampo

Hoje eu fui ver o Mar. Estávamos numa sintonia tão grande que ele parecia a exteriorização do meu coração. Era como se eu pudesse ver tudo o que estava sentindo.
Quando se atirava nas pedras, tomava a forma de um enorme coração e crescia tanto que parecia explodir, transbordar.
Estava lindo. Era um coração que transbordava: o meu.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

- sensações

Pessoas de cabelo curto me dão inveja.
Pessoas que ficam bem de cabelo curtíssimo me dão ódio!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

- manias

Eu tenho umas manias estranhas...
Às vezes mando pros outros as mensagens que eu queria receber.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

~ Que vês quando me vês?

Eu vejo sonhos, vontades, desejos escorrendo pelos poros. Vejo brilho nos olhos, vejo aura, vejo alma... Nem tudo vejo, há também o que sinto. Sinto coração, sinto calor, sinto (e vejo) sinceridade. E vejo pureza... vejo a criança que me sorri de dentro dos olhos - janelas da alma. Vejo futuro. Vejo dor e cor desenhando uma vida bela e divertida no final. Vejo olhar perdido, pensativo. Vejo ombros cansados do peso de um mundo que, como uma cruz que se carrega, é o que ensina a seguir em frente e não desistir. Vejo samba e alegria. Vejo luzes e fantasia. Vejo e sinto sentimento e verdade. Eternidade, horizonte e infinito.

E tu? Que vês quando me vês?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Primaveril

Eis que chegava a estação favorita.
Depois de um árduo inverno, as flores começavam a surgir e delicados raios de sol iluminavam sutilmente a paisagem. O primeiro fim de tarde da primavera começou com mãos dadas pela areia.
Uma brisa suave os impulsionava a seguir em frente a passos lentos, leves e ritmados.
Pareciam duas crianças. Sorriam e brincavam como se o mundo parasse para os dois passarem.
À medida que o sol se deitava na linha que o mar faz com o céu alaranjado, crescia nos jovens corações a sensação de que aquele momento duraria por toda a eternidade.
Olhares carinhosos, dedos ainda entrelaçados... os lábios se tocavam em silêncio enquanto apreciavam o sol se por. E então o silêncio era substituído pelo som das ondas nas pedras da praia, pelas gaivotas, pelo vento que os abraçava, distraindo-os.
O perfume da flor que a menina trazia no cabelo se mesclava a maresia. As cores que carregava compunham com o alaranjado do céu.
Nunca uma tarde fora tão perfeita.
Eis que chegava a estação favorita.
E trazia de volta o calor, as cores e os sabores do amor.

Encanto.

ela foi mais longe.
voou mais uma vez.
e cada vez mais alto.
foi para terras de além mar. foi pelo céu.
e se encantou.
foi até onde a sereia chega perto da areia pra cantar ao luar.
virou sereia. cantou.
encantou pescadores desprevinidos que navegavam.

- rotina

Todas adoram. E ela não seria diferente.
Mais um dia como outro qualquer na rotina daquela moça. Ela acordava, se arrumava e saía. Ia para o trabalho, trabalhava, conversava sobre coisas aleatórias com as colegas das mesas ao lado, lia emails, respondia a alguns... nada demais.
E aí chegava a hora do almoço. Ela descia, almoçava e voltava. Nada demais. Mas a cada dia acontecia uma coisa diferente.
Hoje, quando foi almoçar, foi pega de surpresa por um telefonema. Subitamente, aparecera alguém para lhe acompanhar.
E não era um alguém qualquer. Mesmo que fosse o de sempre, era uma ótima companhia. Fazia todas as vontades dela, dava tudo o que ela queria, sabia conversar... uma gracinha.
Todas adoram ser paparicadas. Ela não seria diferente.
E quando conversam sobre isso, só há uma conclusão.
Todas adoram cachorrinhos. Ela não seria diferente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As pessoas são borboletas

Sempre me disseram que as pessoas mudam. Eu nunca acreditei. Até agora.
Analisando a última década (em cinco minutos) percebi que as pessoas mudam, sim! Muito e em pouquíssimo tempo.
Pude ver que, nos últimos 10 anos, eu deixei pra trás infância, adolescência, teimosias, manias e incertezas.
Amadureci, cresci e me dei conta de que sensibilidade e bom humor não fazem mal a ninguém.
Descobri que amor é composto de pequenos gestos e relevar certas coisas é sempre o melhor caminho.
Aprendi que segurança (e auto-confiança) se conquista e que os sonhos é que movem o mundo.
Reconstruindo os meus últimos 10 anos, cheguei a uma bela conclusão : as pessoas são como borboletas. Se metamorfoseiam a cada passo, a cada estrada, a cada caminho que a vida impõe.
Isso é felicidade!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Fruta de vez temporana"

Mulheres. Tudo o que se vê em volta dele são mulheres.
Pudera, com esse sorriso de menino, essa cor de pele e esse jeito descolado, não poderia ser difetente. Contrariaria a natureza humana.
Moreno, alto, dentes alvos, de pés quase sempre à mostra, esse menino desconcentra qualquer alma desavisada que cruzar o seu caminho.
Ar veranista, sorriso despretensioso, ah, dispensa comentários...
A Praia e o Casarão compõem muito bem a harmoniosa paisagem.

Menininha.

Estilo colegial : saia, batinha, bolsa no ombro e cadernos nas mãos. Rabo de cavalo meio solto, franja um pouco desfiada... e sua marca registrada : o velho companheiro, já gasto e descolorido, All Star.
Ela não é daquelas de se virar o pescoço. Mas há quem pare pra olhar.
Ela é muito mais bonita pra quem conhece de verdade, de perto.
Mas alguma coisa ela tem pra deixar essa vontade de conhecer... mesmo que nem ela saiba explicar o que.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ah, vida!

Já não vejo mais o mundo com tanta poesia.
Não ha mais tanto espaço pr'aquela velha alegria.
Se perdeu a magia que havia.
As cores, as flores e as borboletas se tornaram inconstantes.
Vão e vêm e somem em rompantes.
Já não sou mais a mesma de antes.

sábado, 24 de outubro de 2009

Crianças

Eles -definitivamente- não se entendem.
Parecem duas crianças.
Estão muito bem, conversando, e...
(do nada!)
por uma brincadeirinha,
toda a paz desmorona.

Primavera

Ah, o bom e velho vestido. Estampado, colorido, leve, fresquinho... modelando as curvas femininas que Deus me deu. Sandália de dedo, chinelo, havaianas. Vento fanfarrão ameaçando mostrar o que, mesmo com pouco pano, o vestido esconde. Susto que sempre termina numa gostosa gargalhada.
Calor. Sol refletido nos óculos. Bolsa pesada no ombro esquerdo. Suor. Realidade : ODEIO VESTIDO!
Principalmente quando tem alguém usando um bem na minha frente e eu estou de calça jeans e tênis... indo trabalhar.
¬¬


Deeeeeeeus, me ateeeeeeeeeende : EU QUERO TRABALHAR NA PRAIA!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

TPM de quinta

Detesto gente que toma conta do ambiente. Gente que não pertence àquela realidade e tenta se inserir à força. Tipo no bar. Muita gente que, antes dos copos necessários para tanto, começa a falar alto e impor sua conversa aos outros. Crianças que fogem da escola pra beber escondido dos pais e gritam aos quatro ventos as atrocidades que cometem e fazem questão de contar as últimas fofocas. Fatos (e até erros) dos seus amigos que nem estão perto pra se defender. Garotas que falam e se comportam como homens para se firmar ou parecerem ser melhores que as outras. Ah, e as mentiras... aumentam e complicam histórias simples que nem se sabe se realmente aconteceram. Nunca se saberá. Pobres crianças... mal sabem que os pais não são os idiotas que elas pensam, sabem o que elas fazem e já até fizeram pior. Só que, à maneira deles, conseguiamse organizar, pretendiam mudar o mundo. Chego a ter pena dessas crianças que não conseguem mudar as próprias roupas sem olhar pro amiguinho do lado ou pra tv.


Alguém me salva dessa realidade invasiva?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Terça-feira.

Viver de desprazeres não é natural.
Mas é possível acostumar-se.

Mais um dia que deu errado em meio a uma rotina de tantos outros dias.
Às sete da noite, sentada em frente ao mar, à beira da praia que inunda seu caminho rotineiro ao menos duas vezes por dia, ela sente.
Sente frio. O vento uiva em seus ouvidos, arrepia-lhe os pelos, resfria-lhe o corpo, levanta a renda da barra de sua saia...
Sente falta. Espera o namorado que está a caminho e lhe trás seus pertences, esquecidos no último fim de semana que passaram juntos.
Sente tristeza. Seu dia desandara desde os primeiros passos da manhã.
Mas, olhando o mar, ela decide não pensar em nada disso...
Não consegue. Por mais que tente, como um furacão, ela sente.
Sente fome. Sua última refeição fora um lanche à hora do almoço. Engolido às pressas em função do já conhecido (e rotineiro) atraso para a aula. O trabalho a consumia em larga escala.
Sente raiva. Foi obrigada a recusar um convite dos amigos por incompreensão. Ela não podia ir, eles não entendiam o porquê.
Sente arrepios. O vento continua a esfriar-lhe o rosto e levantar-lhe a saia.
Sente medo. E o guarda a sete chaves.
Sente solidão. Mesmo o vai-vem de pessoas ao seu redor não a faz sentir-se acompanhada.
Sente o mar. As dores do mar. A frieza do mar. A fraqueza do mar, que, desanimado, não consegue erguer suas ondas.
Sente o céu. O movimento das pesadas nuvens que se arrastam a faz sentir a chuva que virá.
Sente o vento. Além do frio, das baixas ondas e dos uivos, o vento lhe traz um certo conforto.
Ainda gelada, a menina olha em volta buscando os braços quentes que a irão receber. Seu namorado ainda não chegara. Mas estava a caminho.
Como forma de escapismo, de abstração ou mesmo de distração, ela escreve. E sente. E escreve sobre o que sente.
O vento decide castigá-la. Aumenta, atrapalha, dói. Mas ela insiste. Em escrever e em sentir.
O telefone toca. Ansiosa por escrever, ela demora a atender. Curiosa por natureza, interrompe o texto. Não é a que ela esperava ouvir, mas uma voz familiar do outro lado linha aquece o seu coração.

Esquisitos

Eles são muito parecidos. Vêem o mundo quase da mesma forma. O ângulo de visão muda muito pouco. A Academia em curso dele ainda se encabula perante a já completa dela. Mas mesmo assim, os ideais são os mesmos. (MARX!) Eles não seguem os padrões. Já no jeito de vestir e se portar dá pra perceber. E quando conversam sobre gostos e experiências, notam-se as peculiaridades que só as pessoas como eles têm. Eles são esquisitos. Nem todos em volta são capazes de captar a essência e a doçura que ambos exalam. A personalidade infantil dele é refúgio para as dores que a vida causou ao coração dela. A esperança é madrinha do carinho que começa a crescer depois de uma oportunidade que ela teve de olhar para ele com outros olhos.
A Fada dos Encantos já passou. O que falta é o Cupido acertar a flechada.
Eles são tão esquisitos que ninguém vai reparar...

Harmonia dos Passos

Eram três passos iguais.
Três passadas repetidas.
Seis pernas andantes.
Três corações pulsantes.
Três vidas interligadas,
levemente entrelaçadas.
Eles eram as pontas do laço.
Ela era o nó.

30/04

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

À Flor da Pele.

Em razão dos últimos acontecimentos, tenho andado com a emoção à flor da pele. Sensível, desnorteada, alheia a boa parte do que acontece ao meu redor. Não que eu esteja no mundo da Lua (antes fosse. Quem me dera!) Não tenho tido forças pra me segurar na realidade em que me encontro. As lembranças e a certeza do que virá me consomem. Da mesma forma que não sei como reagir a tudo isso hoje, tenho medo de não saber o que fazer quando o jogo virar. Porque eu sei que, um dia, isso vai acontecer. Ainda tenho três chances de escolher entre 'somente perder' e 'aprender a ganhar'. Sei que, por mais difícil que seja, é bem mais fácil falar. Mas só uma coisa não me entristece: assim como a certeza da dor, o que me sustenta é a certeza da Força que virá do Alto.

Poliglota.

Je suis fatiguée! I don't know what to do with my mind. Meus sentidos se confundem numa eterna confusão que não faz nenhum sentido. And I wonder... Há de chegar o tempo em que tudo se resolverá. Mas o problema é que não é só a minha cabeça... But maybe I can try to forget and everything is gonna be alright. Or not. Je ne suis pas un enfant. Not even you. E sabemos que não vai ser tão fácil assim voltar tudo ao normal como se nada tivesse acontecido.
.
.
.

um dia avulso
na aula de inglês
sem muita coisa melhor pra fazer.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dois mundos.

Mais do que nunca ela queria ser duas. Queria poder se dividir. Não para diminuir o peso do mundo que ainda insiste em carregar. Pois, se hoje ela é uma e carrega dois mundos, seria, então, duas metades carregando, cada uma, um mundo inteiro.
Agora, mais do que nunca até então, ela queria ser duas: uma para cada mundo que ela insiste em carregar. Queria poder pegar todas as dores dos dois mundos que ela carrega além do seu, escondê-las num embrulho e sair correndo. Fugir. Se livrar daquilo como uma bomba prestes a explodir!
Mais do que nunca ela queria ser duas. Queria poder oferecer carinho, atenção e cuidado da mesma maneira e com a mesma intensidade para os dois mundos que ela insiste em abraçar.
Tudo o que ela mais queria nesse exato momento era ser duas para poder sentir com um coração inteiro em cada parte.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Luva.

Como a grande maioria, ele é todo tatuado.
Diferente dos demais, não chama a atenção por isso.
Seus cachinhos, que nem são dourados, ou a carinha de menino em meio a tantas caras barbadas assumem muito bem a função de destacá-lo no meio.
Sonha ser um grande cineasta.
Sonho marcado na pele, visível a quem passe num breve e simples aceno.
Já no nome se diferencia dos comuns.
Repleto de peculiaridades, o rapaz conquista seu espaço entre sorrisos e expressões faciais únicas que lhe cabem como uma luva.

.

Ele tem futuro... e sabe muito bem disso!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Floresta.

O primeiro passo é sonhar.
O segundo é querer.
E, depois, num piscar de olhos, realizar.
Pensar pequeno é impulso para pensar grande.
Força motriz. Razão de ser. Adubo. Fermento.
De dentro pra fora crescem as sementes que germinam florestas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Casarão

Era um lugar mágico. Atraía a atenção de crianças e adultos já do lado de fora. Suas vitrines coloridas e iluminadas fascinavam os transeuntes e os convidavam a entrar e conhecer um mundo de fantasia criado dentro de uma enorme casa.
O Casarão, como era conhecida a Loja de Brinquedos da Rua das Flores, tinha dois andares de salas amplas e repletas dos mais variados tipos de brinquedos dispostos em prateleiras reluzentes. Suas paredes cor-de-rosa harmonizavam perfeitamente com as portas, janelas e grades das sacadas. Todas verdes.
O jardim da entrada era composto por flores de todas as cores e árvores frondosas que faziam sombra para os banquinhos de madeira em que muitos poetas se sentavam para ler ou escrever poesias bonitas.
Uma brisa suave perpassava todo o espaço. Pedia licença ao jardim, adentrava pelas portas e janelas e invadia, com toda a sua leveza, as salas em que se encontravam os brinquedos. A brisa trazia o encanto de dançantes borboletas e o perfume de todas as flores para dentro do Casarão.
Ao final do dia, como em toda Loja de Brinquedos que se preze, seus moradores ganhavam vida, saíam de seus lugares nas prateleiras de prata e tomavam os salões. Bailarinas faziam ponta, Soldadinhos de Chumbo marchavam, Bonecas brincavam de roda, Palhaços faziam malabarismos, Macaquinhos pululavam no Sótão... tudo era aleria!
Nesse Casarão, a magia tomava conta de cada partícula que lá se encontrava. E alguns brinquedos faziam mais do que brincar...

[continua...]

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Entrelaços

Descobri que, certas coisas, só dão certo com você do meu lado.
Andar de bicicleta não tem a mesma cor se Nando Reis não se fizer presente no final do caminho.
O samba só tem ritmo se meus pés seguirem os seus.
A cerveja só tem colarinho na medida certa quando servida por você.
Minhas palavras só tem graça se, de alguma forma, uma delas vem de você.
Minha alegria só é real se compartilhada com a sua.
Meu sorriso só é completo se o seu se manifestar.
Meu abraço só tem conforto no seu abraço.
Meus segredos só em você sabem se guardar.
Meu dia já não é cor-de-rosa se não for, também, verde.
Já não consigo imaginar a minha vida se não estiver entrelaçada à sua.
...

- metades

"Tentando ser metade do inteiro que eu sinto"
.
Eu gosto de metade!
Ser inteiro é muito complicado.
Sentir tudo de uma vez...
Fazer tudo de uma vez...
Sonhar tudo de uma vez...
É demais pra mim.
Bom é viver aos poucos
Mas com intensidade máxima,
completa, __________________________________________
inteira! __________________________________________
.
Eu prefiro ser metade.
Ser inteiro é chato demais!
Se for inteira, tenho que ser uma só.
Se for metade, posso ser o que quiser.
É só juntar as metades.
.
Quando sou metade menina - metade mulher
O mundo gira ao meu redor e conspira a meu favor.
Quando sou metade Princesa - metade Borboleta
Vôo alto, graciosa, solta, leve pelo vento.
Quando sou metade Flor - metade Boneca
Rodopios de alegria enfeitam meu jardim.
Quando sou metade verde - metade rosa
Meu sorriso se ilumina.
.
E essas metades podem se encaixar com outras.
Metade menina - Princesa;
Metade verde - Flor;
Metade Boneca - Borboleta...
Mas quando sou metade Morena
E, junto, metade Rosa
Já não falo mais por mim
Falo a linguagem da alma.
.
Eu prefiro ser metade
E me juntar a outras metades
Pra chegar ao inteiro
Que eu descobri sempre haver em mim.
.
"Porque metade de mim é amor
E a outra metade também."

. brisa colorida.

"e, de repente, uma brisa mansa abriu meu coração"

é preciso deixar-se levar pela brisa
pela leveza do vento
pelo singelo da natureza.

é preciso abrir-se ao novo
ao desconhecido
ao irreal.

é preciso fugir da insanidade rotineira
da loucura dos dias
do caos da certeza.

é preciso se lançar
de coração aberto
ao sabor do vento
e voar...

somente nesse vôo livre
é que se pode alcançar
a leveza
da loucura
que vem do coração.

Obrigada!
Mais uma vez, me serviste de inspiração.
Amiga, irmã, alma gêmea encontrada no mundo.
Filha de um Vento tão doce que se sente farfalhar...

Telepatia.

Você parece ler meus pensamentos!!
Sempre que me lembro de você, por qualquer motivo, toca o telefone, chega uma mensagem de texto, aparece um email, surge algo que venha de você.
E sua voz me acalma, sua conversa me diverte, suas risadas alimentam minha alegria... Adoro essa nossa telepatia! Que é recíproca, vem e volta em mão dupla como um fluxo de energia positiva e inesgotável.
Quando leio o que você escreve é como se ouvisse a sua voz me contando... Mas quando te vejo, te abraço, sinto seu cheiro e sorrimos, juntos, o mesmo sorriso, tenho a certeza de que essa telepatia é prova de amor e amizade eternos.

para o 'BeatleDu'
que sempre aparece quando se fala o nome dele três vezes
nas redondezas do Casarão.
Ou quando eu penso nele...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Moreno

Ele não sabe se definir.
Resolvi dar uma ajudinha...

Alguém que tem a doçura de uma criança, a alma de um artista, o coração do tamanho do mundo e uma alegria de viver contagiante.
Alguém que não mede esforços pela felicidade de quem quer bem.
Alguém que só precisa de uma 'tarde Nando Reis' pra recarregar as energias vez ou outra.
Alguém que mora nas nuvens e tem os desejos mais lindos.
Alguém que sente com a alma.
Alguém que nem imagina que é isso tudo, mas que verdadeiramente o é e será para sempre.
Alguém que é raro. E único. E intenso. E eterno.
Alguém que é feito do que são feitos os sonhos.

- olha, mãe!

Fiz um carnaval!
Minha mãe, quando vir,
vai parar e rir.
Logo ela
que estende roupa em degradé
ton sur ton
como as sete cores do meu cabelo
num arco-íris perfeito.
Logo ela
que sempre tentou me ensinar
a fazer tudo bonitinho
do jeitinho que ela faz.
Logo ela
que se orgulha de tudo o que eu faço
sempre ri
e me afoga num abraço!
pelas roupas no varal.

Liberdade!

Estamos a ponto
de sair
de partir
de fugir
de sumir
de conseguir.
.
O tempo passa
corre
voa.
E nós chegamos
cada vez mais perto
do nosso destino.
.
O coração acelera
desperta
aperta
sufoca
quase grita!
Almeja liberdade;
Deseja insanidade;
Respira agilidade.
.
Nosso futuro?
Felicidade plena.
Somente juntos
alcançaremos
a vontade eterna
de amar
de sonhar
de sorrir
de viver
de ser.
.
Seremos tudo o que sempre quisemos.
Seremos livres
seremos grandes
seremos vivos
seremos nós.
.
Em tudo o que formos encontraremos
verdadeiramente
a nós.
Ao meu grande Amor
e sua eterna vontade de ser livre.

a fada das palavras

a fada não percebeu
que o avesso da interrogação
é um sorriso
que sorri para ela
sorri por ela
e ri dela
porque ela não percebe mais.

a fada não está insensível.
ao contrário.
sente mais
do que jamais
imaginara sentir
sente tudo de uma vez
e não percebe mais...

a dor que ela sente
dói tanto que ela não percebe.
a lágrima já se fez permanente
e ela não percebe.
a gargalhada já ecoa há tanto
que ela não percebe.
se acostumou.

ela ainda sente tudo o que sempre sentiu
mas se acostumou ao que sente
e pensa que não sente.
a fada precisa sair do vazio em que se atirou
de sentir as mesmas sensações
de chorar as mesmas lágrimas
de rir as mesmas risadas.

a fada precisa sair do vazio
abrir as asas
e voar.

só assim ela vai voltar a sentir
porque o que ela sente falta de sentir
é o novo.

em resposta à Filha do Vento

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Era só um sonho...

Outro dia sonhei com você. Mas não conta pra ninguém?

Sonhei que você era um herói e eu a sua princesa. E que, juntos, voávamos pelo mundo combatendo todo o mal. Seu uniforme era reluzente e resistente e eu usava um vestido cor-de-rosa e uma coroa brilhante.
No meu sonho, você me abraçava quando eu tinha medo, me incentivava quando eu pensava em desistir, tinha orgulho de mim e não me deixava sozinha.
Eu também tinha orgulho de você e fazia questão de demonstrar. Eu sabia que, se segurasse a sua mão, não precisaria de mais nada. Eu sentia carinho, apoio e proteção no seu olhar.
Nesse sonho, tudo eram flores e alegria, não havia choro nem decepção. Eu te amava e você fazia tudo por mim.
No meu maior sonho, você era o meu pai herói e eu a sua princesinha. Mas era só um sonho...

Jura que não conta pra ninguém?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pique - Esconde

as palavras não somem
nem fogem .
elas são como crianças que brincam.
brincam de esconder
brincam de se embolar
brincam de se perder
mas sempre voltam.
as palavras não somem
nem fogem .
elas são como crianças que brincam.
que voam no vento
como borboletas que enfeitam
como flores que perfumam
como sopro num catavento.
as palavras não somem
nem fogem .
elas são como crianças que brincam.
brincam de pique-esconde
basta saber onde procurá-las.
há diversos esconderijos,
mas o seu coração
é sempre o melhor lugar.
que não aprendeu
que as palavras são como crianças
e pensa que as perdeu
quando elas apenas estão
brincando de pique esconde...

~ comunicação

ela sabe que conversar por escrito pode causar mal-entendidos por simples questões de interpretação. mas tem sentido alguma diferença nos seus papos com ele de uns tempos pra cá. pode ser saudade das conversas cara-a-cara que eles já não têm a uma semana. mas ela insiste em pensar que é reflexo de um certo e-mail. no fundo ela sabia que se arrependeria, mas não esperava que isso, de fato, acontecesse. ela tem medo. talvez mais do que imagina. e ele nem sabe... por mais que toquem no assunto, quase sempre ela se esquiva. tem medo de perdê-lo, seu tesouro mais precioso. ela age como se, de certa forma, o sentimento tivesse mudado dentro dela. mas sabe que a distância causa essa impressão. o carinho permanece, mas ela imagina mudanças bruscas. materializou um novo jeito de ver e sentir. ela sente saudade. sabe que é saudade. conta os dias, as horas, os minutos! precisa terminar uma certa conversa. frente a frente. cara-a-cara. olho no olho. sem nenhuma tela no meio impedindo a verdadeira comunicação.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

metade

parte de um todo se completa.
mais um ciclo se encerra.
sou, por inteiro, metade morena.
e depois que o próximo ciclo se fechar, quando eu for, já, também, metade rosa, as partes serão o todo e tudo acontecerá.

no começo, eu só dizia que era.
depois passei a pensar ser.
mas comecei a , de fato, sentir.
e hoje não fujo: sou.

"metade de mim é verso.
outra metade poesia."
sentimento que me atravessa, perverso.
vontade que me invade, maresia.
e se o macio não encontra o doce nem que não fosse deixaria de haver vazio.

metade Lua.
sorriso inteiro.
metades completas quando juntas.
parte de um todo se completa.
metade vento.
metade borboletas...

terça-feira, 21 de julho de 2009

A Boneca de Pano

Ela era branca. Coberta de retalhos. Uns coloridos, outros nem tanto...
Seus longos cabelos de linha vermelha alaranjada traziam uma flor cor-de-rosa atada numa presilha. Seus olhos castanhos de conta eram profundos e hipnotizantes.
Ela não dançava como a Bailarina nem marchava como os Soldadinhos... rodopiava!
O rodopio da Boneca de Pano enfeitava tudo em volta trazendo alegria para os companheiros de prateleira na Loja de Brinquedos. As flores da sua saia estampada carregavam a magia das cores que alimentam os amores. O riso apaixonante da Boneca contagiava os brinquedos ao seu redor. E ela rodopiava...
E foi num desses rodopios que sua flor se perdeu. Caiu de seus longos cabelos e rodopiou ao sabor do vento. A Boneca de Pano não sabia mais o que fazer quando se viu sem sua flor. Seu olhar perdeu o brilho, sua risada perdeu o sabor, seu rodopio perdeu a graça, sua saia estampada ficou sem cor... A Boneca já não rodopiava mais como antes. Vagava em busca de sua flor perdida.
A Loja de Brinquedos já não era mais a mesma desde que a Boneca de Pano perdera sua flor. Quando ela parou de rodopiar, todos os outros brinquedos em volta perderam a vontade de ter alegria e passaram a procurar a flor que trazia cor e magia para os seus dias.
Foi quando, de repente, num outro vendaval, ela se deparou com um par de longas asas brancas que admiravam uma flor segura às mãos como um tesouro: o Anjo da Asa Quebrada a havia encontrado.
E quando seus olhos castanhos de conta encontraram os olhos verdes do Anjo, a Boneca se encheu de luz e cor, repôs a flor no cabelo e começou a rodopiar.
E foi o rodopio da Boneca que trouxe novo sentido à jornada do Anjo. Juntos, descobriram o melhor um do outro e se tornaram parte de suas descobertas. O Anjo encontrou abrigo na prateleira da Boneca e ela lhe ensinou a rodopiar.
O encontro do Anjo com a Boneca trouxe mais brilho e revigorante alegria para a Loja de Brinquedos.

[continua...]

segunda-feira, 20 de julho de 2009

~ nas nuvens

ele nunca gostara tanto de dormir abraçado ao seu travesseiro. pela primeira vez, seu fiel companheiro nas noites frias e solitárias era tudo o que ele queria no final de cada dia. não só pelo cansaço físico da rotina de trabalho. não só pela vontade de dormir. mas pelas lembranças doces e pelo perfume dela. pela primeira vez, dormir abraçado ao travesseiro era tudo o que ele queria quando chegava em casa. principalmente depois de ouvir a voz ou ver os sorrisos dela. pela primeira vez, o travesseiro era boa companhia (apesar de ainda não ser a melhor nem a que ele queria). e os sonhos dele eram cada vez mais perfumados, doces e cor-de-rosa...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A espera.

O pior de tudo é ver quem a gente espera em todo mundo que passa.
Mas não é chato só porque não é. É chato porque parece ser.
Quando a gente espera, procura quem vai chegar...
Quando a gente espera, o tempo se arrasta pra passar...
Quando a gente espera, o telefone parece nunca tocar...
Quando a gente espera, o mundo parece se esquecer de girar...
Quando a gente espera, tudo parece demorar...

Mas quando os olhares se cruzam e a espera chega ao fim, sorrisos e braços se abrem e não sobra espaço pro tempo passar. É como se tudo parasse, o vazio acabasse e o mundo esperasse aquele encontro acabar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

~ borboletas

o problema são as borboletas.
sempre vêm borboletar na hora errada.
e parecem adormecer quando deveriam alçar os vôos.

o problema são as borboletas.
mesmo que a culpa não seja delas.
elas só sabem borboletar
não escolhem hora nem lugar.




o problema são as borboletas
que insistem em borboletar
no meu estômago
quando eu perto de você.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

exercício

exercício de contemplação:
pare. veja.
perceba o mundo ao seu redor.
paisagens. imagens. fotografias em tempo real.
exercício de contemplação.
pare. não reaja. não interaja.
apenas observe. contemple. seja templo de observação.
um simples momento. um mero detalhe.
tudo acontece quando menos se espera.
o maior monumento que se vê é o que não se vê. mas se sente.
beleza. emoção. contemplação.
agora sim, interação. participação.
sentimento. compreensão.
exercício de contemplação:
contemplar o que há de si do lado de fora.
no outro. no espelho. no ar. no mar. no tempo...

sábado, 27 de junho de 2009

Marina

o Mar tá mexido... inquieto. batido.
revolto. pelo vento. pelo sofrimento. pela tensão.
o Mar tá aflito... inquieto. abatido.
tá refletindo o mundo que transborda dos olhos azuis daquela menina.
ela é Marina. sobrinha do Vento. filha do Mar.
ela é mais do que se pode esperar.
sutil, encantadora, leve e impetuosa como o Vento. clara, transparente, rebelde e traiçoeira como o Mar. assim é sua alma, inundada e arrebatada por sentimentos feito ondas numa tempestade.
seguro e firme como as rochas que circundam o Oceano numa praia é o seu coração. que suporta vendavais e maremotos que o invadem em emoções.
assim vive Marina. sobrinha do Vento. filha do Mar. uma menina tão intensa que deixa marcas que nenhuma onda pode levar...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

- brilha uma estrela.

O Céu se alegra enquanto a Terra chora. Mais um anjo chega pra nos vigiar do alto.
Sua Estrela brilhou o quanto pôde iluminando os caminhos por onde passava.
Seu sorriso e sua alegria contagiaram o mundo ao redor.
Seu imenso carinho abraçou todos os amigos de uma só vez.
Mas ela se foi...
Sua Flor se fechou para acender seu sorriso numa Estrela aberta no desenho das asas de um Anjo.
Sua falta dói de leve, mas deixa a certeza de um reencontro futuro.

à Julia Hefez.
que sua estrela brilhe
onde ela estiver.

terça-feira, 16 de junho de 2009

alguém além

você não sabe o que dizer...
não sabe o que fazer...
não tem reação.
vê as lágrimas chegarem aos olhos e não pode contê-las.
nem sequer as suas...

você voa quando sonha...
sonha quando imagina...
imagina quando não deve...
não deve, mas devia.
quer. e, mesmo se não pudesse, quereria.
você não tem, mas tem. só não vê.
você cai e espera que te levantem.

além de tudo, você quer mais, quer ir além, quer ter além do que já tem. quer ser alguém.
quer ser mais do que é.
e tem razão. e faz certo. e não desiste.
porque o primeiro passo pra se realizar é querer. o segundo é buscar.
mas o mais importante é não desistir!

pessoas certas que você encontra na hora errada.
pessoas erradas que você encontra na hora errada.
pessoa certa que você encontra na hora certa.
palavra... pra que dizer? melhor fazer.
realizar. a vida não pode ser feita só de sonhar.
coisas... vontades... desejos... saudades...
partilha.

você e o além.
você e mais quem?
você e mais ninguém.
você é o além.
você é alguém.

alguém que sonha.
que vibra.
que chora.
que sorri.
que realiza.
que faz.
que é.
e que sempre será.

você.
mais ninguém.
nada além.
nenhum lugar.
porque tudo o que você é
e todos os que você tem
só existem
quando você está.


em resposta à Filha do Vento

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Anjo da Asa Quebrada

Ele era um bibelô.
No começo, não passava de mero enfeite.
Mas se fez notar.
Imponente, de cor única e indescritível, o Anjo da Loja de Brinquedos tinha olhos verdes e duas longas asas brancas enquanto ainda era mero enfeite vigiando a Loja do alto da estante.
Passou a ser brinquedo quando, um belo dia, as meninas que freqüentavam a Loja o perceberam.
Era o preferido. Todas elas o adoravam e, a cada vez, uma menina diferente brincava com ele. Nessas idas e vindas, uma menina descuidada não soube como tratá-lo e ele caiu.
Sua asa esquerda bateu no chão e se partiu. Foi colada meio às pressas pra ninguém perceber e, mesmo antes de o Dono da Loja reparar sua asa, o Anjo já não era o primeiro na lista de vontades delas... mas elas continuavam brincando com ele. Só que não tinham mais o mesmo cuidado.
Até que seu olhar cruzou com o da Bailarina. Mesmo com a asa quebrada, ela gostou dele. E cuidou dele por um tempo.
Pouco tempo...
Mal aconselhados, pensaram que não valia a pena. E desistiram de cuidar um do outro... pena não ter durado. E foi a duras penas que, tempos depois, o Anjo viu de perto um certo Soldado de Chumbo penar para acompanhar os passos da Bailarina.
E o Anjo seguiu seu rumo até encontrar uma flor que seguia ao sabor do vento... e, além da flor, sua dona. A flor enfeitava os cabelos vermelhos da Boneca de Pano.
Desde então, as coisas mudaram na Loja de Brinquedos...


[continua...]

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sonho.

Ela não sabe mais o que fazer. Tem sua alma insanamente entrelaçada a outras duas. À mesma proporção, mas talvez não com a mesma intensidade.
Almas que se completam, se encaixam, se costuram à dela em direções opostas.
Almas que, inconscientemente, se degladiam por uma decisão que só cabe a ela.
E sua alma estilhaçada, atravessada pelo punhal envenenado com a dor da indecisão já não tem para onde fugir.
Ela consegue avistar o paraíso que a espera, com céu azul e sol amarelo, castelos de nuvens brancas emoldurados por um intenso arco-íris e borboletas a voar... tudo isso refletido num lago límpido de águas transparentes e claras, cercado de árvores de todos os tipos, como num sonho.
E é um sonho... Que só se tornará real quando a sombra que atormenta sua alma se dissipar...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

~ tudo numa coisa só.

- Deve ser bom saber que alguém gosta da gente...
- É... deve ser bom quando a gente gosta e cuida igual...

~ aquela voz sussurrada ao pé do ouvido que vai e que volta.
aquele sorriso que nasce ao mesmo tempo e nunca morre, mas se estende em uma risada no mesmo tom.
aquele arrepio quando se respira perto.
as borboletas no estômago quando se cruzam os olhares.
aquele calor que cresce no abraço, dissipa todo o frio, protege de todos os perigos e cura todo o mal.
aquela vontade que vem e que fica. que foge e se esconde, mas que nunca some.
aquele desejo que se deseja junto. ao mesmo tempo. e com a mesma intensidade.
a certeza de que aquele encontro já não é pura e simplesmente de corpos. nem somente de corações... mas de almas.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

~ todas elas juntas num só ser...


Alice, cheia de meninice.

Andréa, beijos com gosto de geléia.

Beatriz, ensinando a ser feliz.

Bianca, pintas pretas sobre a pele branca.

Carminda, das bonitinhas a mais linda.

Carolina, por onde passa ilumina.

Dandara, sutil, delicada e rara.

Eleanor, aquela que cura toda dor.

Flora, nascida com a aurora.

Gabriela, mistura alegrias e sorrisos numa panela.

Hortênsia, seu abraço cura carência.

Isabel, doce como mel.

Juliana, contente e bacana.

Karina, pulando amarelinha na esquina.

Lúcia, tomada de astúcia.

Maria, sorri e pula fazendo folia.

Marieta, vive fazendo careta.

Marília, do sorriso que brilha.

Patrícia, olhar cheio de malícia.

Potira, doçura que acalma ira.

Rita, menina bonita.

Rosa, charmosa, sorridente e dengosa. Toda prosa...

Sandra, faceira, boêmia e malandra.

Tereza, tem voz de uma princesa.

Sophia, transbordando a vida em fantasia.

Vera, e se inicia uma nova era...

Ela é todas elas juntas num só ser.

Mesmo sendo pequena... Ai, ai essa Morena...

Contemplação

Eles viveram intensamente.
Eles se conheceram profundamente.
Eles se amaram. Loucamente.
Durante anos.
Foram. Voltaram. Permaneceram.
Juntos.
Construíram um Universo quase paralelo.
Flores e sonhos. Ardores risonhos.
Paixão marcada na pele. Eternizada.
"nossos nomes que têm um N como elo",
diria Nando Reis.
Mas, algumas vezes, o elo é fraco.
Não que tenha acabado.
E nem precisa acabar.
Mas pelo rumo que as coisas tomaram...
É mesmo melhor cada um seguir o seu caminho.
Não é preciso esquecer nem abandonar.
Mas se tornou essencial mudar.
Fazer diferente.
Agir diferente.
Ser diferente.
Não acabou. Nem continuou. Está eternizado.
E se não permanecer na pele, permanecerá nas fotografias.
Mesmo que sem saudade. Mas ainda que por contemplação.

(Detalhe: N, Nando Reis)