quinta-feira, 29 de abril de 2010

La Zingara

Pele morena. Longos cabelos negros. Olhos verdes.
Vestido e lenço de seda vermelha dão vida aos movimentos suaves de sua dança. Argolas, anéis, colares e pulseiras de ouro seguem o ritmo da música que ela acompanha com os pés descalços.
Ela não pertence àquele lugar. Aquela praça é apenas passagem no caminho da bela moça.
Ela não pertence a lugar nenhum. Veio das montanhas e segue em direção ao horizonte. Ela segue as batidas do seu coração e caminha... caminha para nunca mais voltar ao ponto de partida.
Quer se encontrar. E só vai parar de caminhar quando estiver no lugar a que seu coração pertencer.
Lê o destino dos passantes na palma de suas mãos e dança para conseguir algumas moedas afim de continuar o seu caminho.
O que a bela moça não sabe é que o brilho de seus olhos e o movimento dos seus pés e quadris encanta os homens que a vêem dançar.
Do Arcebispo ao soldado do Rei, todos desejam a oportunidade de passar ao menos uma noite ao seu lado. Mas, de todos os homens que a cortejaram, somente por um o coração dela bate mais forte. Aquele que foi coroado tolo diante da cidade, aquele que é diferente, aquele que nunca foi amado... aquele que soa os sinos do alto da torre.

Pesar

A solidão e o vazio que ousaram se aproximar dela tomaram lugar onde não devia, no coração.
Ela sente a tristeza de não ser mais quem era e não agir como gostaria que fosse.
Ela sente o peso de decisões duras que precisou tomar.
Ela sente a fraqueza humana que a impede de seguir em frente.
Ela tem medo de não conseguir sair do fundo do poço em que caiu quando escorregou no orgulho que trazia no peito.
Ela se perdeu... não sabe mais se vai voltar.