quarta-feira, 10 de março de 2010

No bar,

descobri que algumas pessoas podem ser muito mais interessantes à distância.

- férias

Minha dona saiu de férias. Foi passar uns dias fora e disse que não poderia me levar, porque eu passaria muito frio se fosse com ela.
Ronronei concordando, recebi uns afagos e dormi. Quando acordei, ela já não estava mais.
Gata que sou, não me preocupei. Fosse peixe, passarinho ou cachorro, estaria desesperada, cheia de vizinhos desconhecidos entrando e saindo para não faltar comida nem água. Ah, como é bom ser independente!
Tomei meu banho e saí para dar uma volta na vizinhança. Não demorou muito, encontrei um boêmio, gato como eu, que me levou para conhecer outros cantos da cidade e comer bem mais que ração toda noite.
Ele me levou para ver outras paisagens além da minha janela, me mostrou que os gatos podem ser muito mais livres que eu imaginava e que eu não preciso fugir nem trocar minha dona por nada disso, afinal, sou uma gata, posso sair e voltar quando quiser.
Ele me levava de volta toda noite e me buscava de manhã cedo todos os dias para me mostrar um lugar diferente.
Até que minha dona voltou das férias e eu tive que começar a dividir a atenção que antes era dele com ela, afinal, ela sempre cuidou de mim, desde filhote.
Só que eu comecei a ficar em dúvida quanto às minhas preferências, porque ela me oferecia mordomia e ele me viciou com o gostinho de liberdade que eu nunca provara até então.
Decidi me dividir. Agora passo os dias com ela e à noite, quando ela dorme, alimento meu vício de liberdade que aprendi com ele.
Sou mais que uma gata. Sou duas!