quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

. sinais .

sempre que soa o telefone
eu suo frio
(quem será?)
espero o som que te separa
dos outros seres
anseio pelo som da sua voz
por sentir a suavidade
dos seus sons
por receber seus sinais.
não importa a distância
refaço minhas forças
na ânsia de sentir
a sua sombra.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Amor de Carnaval.

Botar a cabeça no travesseiro é pedir pra pensar na vida. Às vezes até demais. E dessa vez não seria diferente. Não com eles.
Ele de um lado da cidade, ela do outro. Mas ambos com a cabeça no mesmo lugar.
Depois de passarem um dia inteiro juntos, de mãos dadas 'no meio da multidão', encerraram a jornada com um beijo.
Arlequim e Colombina se conheceram no Baile de Máscaras e suas vidas mudaram desde então. Suas mãos entrelaçadas, sinal mais puro do envolvimento que se seguiria, era tudo o que conservavam durante os dias de folia.
Foram além do Baile de Máscaras, pularam nos blocos de rua e não esconderam suas fantasias atrás do Carnaval. Foram felizes juntos.
Mas no raiar do novo dia...
' Oh, Quarta-Feira Ingrata,
chega tão depressa
só pra contrariar '
... Arlequim e Colombina tiveram de se separar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

- necessidade.

Ele precisa de um coração, não de um corpo...
Precisa de amor,
não só de calor.
Precisa de sinceridade e sentimento de verdade,
não de sonho que se vende em caixa de sucrilho ou se compra na esquina.
Ele precisa de um coração,
não de mais um corpo estirado em sua cama,
frio, quase estático, só pra passar o tempo.
Ele precisa preencher as lacunas, completar o vazio,
não se distrair pra enganar a dor.
Ele precisa de um coração,
não de um corpo.

Sofro

Sofro.
Sinto sua alma rasgada, afogada em amargura, imersa em dor pura.
Sofro.
Por mais coragem ou vontade que tenha, não posso arrancar-te o coração e substituí-lo.
Sofro.
Pudera sugar-te num beijo os teus anseios todos de fraquezas ou pequenez.
Sofro.
Quisera viver por ti o sofrimento que vives e ofertar-te a paz que carrego em mim.
Sofro.
Não conheço oração que aproxime o teu coração ao Amor a que tanto resistes.
Sofro.
Já não sou capaz de devolver-te o sorriso aos lábios ou o brilho ao olhar.
Sofro.
Inconscientemente, sou a causa dos teus tormentos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Apaixonado.

O perfume que sinto não é da flor,
mas dos cabelos que ela adorna.
O gosto que sinto não é do beijo
que nunca tive, mas da vontade.
O toque que sinto não é o dela,
mas da brisa que me afaga na solidão.
Apaixonei-me. Mas não por ela.
Sim pela sua alma, sua aura clara,
pura e leve. Pela ilusão de tê-la.
Apaixonei-me pela sua leveza.
E por todo o sentimento que eu
viveria se alimentasse, por ela, paixão.

Aos pedaços.

É estranho, mas acontece comigo algumas vezes.
Antes, acontecia algumas vezes por dia. Depois, por semana. Depois por mês. E agora me acontece esporadicamente. Mas nunca deixou de acontecer.
É uma sensação estranha que me acomete.
Dizem que tudo o que somos veio de pedacinhos do que são os outros.
Bom, tem um pedacinho meu aqui gritando que veio de você. E que sente falta dos outros tantos pedacinhos que ainda permanecem aí.
E tem um espacinho aqui sentindo falta do pedacinho que tá aí. E reclamando, aos berros, que assim não dá mais pra ser.
Não tenho muita certeza, mas acho que seria bom adiantarmos os relógios para o tempo do ócio. Não sei você, mas eu não aguento mais essa porra dessa saudade me ensurdecendo...
[01/12/09]

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

- variações

não é mais tensão ou ansiedade.
já não há mais argumentos
que possam justificar
as bruscas variações que têm acontecido.
são repentinas, incontroláveis, instantâneas,
incorrigíveis!
e as pessoas em volta não entendem.
na maioria das vezes, nem tentam.
acham que são propositais
e não pensam no nó que dá na cabeça
nem imaginam a dor carregada no coração
ou o peso derrubado nos ombros.
as pessoas em volta não entendem
porque não sabem as variações
que acontecem dentro daquela alma.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

~ ciclo

ela sabe que é sua culpa.
era um ciclo encerrado, terminado.
mas não, ela não permitiu que as coisas
se acalmassem por muito tempo.
parece que ela gosta de viver no meio dessa
confusão imensa, cíclica... eterna.
ela não sabe o que quer e descobriu, também,
que já não sabe nem o que não quer.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

- teen

E mesmo já adulta ainda conservo
vícios, medos, vergonhas, manias
e pensamentos adolescentes.
Será que, um dia, eu cresço
e me livro deles?

(in)certezas

e mais uma vez as minhas
certezas todas me caem
na cabeça.
as dos outros todos no mundo
caem por terra.
as minhas me caem
na cabeça.
talvez seja um aviso,
um sinal de alerta,
um grito de 'ei, acorda,
você não vive num conto
de fadas' que me ponha
os pés no chão mesmo
que eu já os tenha enraizados.
talvez por isso eu não tenha
crescido... pois
volta e meia me caem certezas
na cabeça e (algumas) acumulam
feito entulho de obra
me pesando nos ombros.
não posso me dar ao luxo
de passar muito tempo
longe dos meus ideais
ou até mesmo sem ter no que
pensar.
é sempre mais um motivo
pra pensar e repensar certezas
que me cairão, cedo ou tarde,
aos ombros.
como diria o poeta 'só sei que
nada sei' e continuo sem saber
vagando por aí, pequena,
arrastando comigo todas
as minhas certezas caídas.

~ grande coração

ele tem um grande coração
dentro dele batem angústias e medos
talvez há muito adormecidos.

ele tem um grande coração
teima em abraçar a dor
como se fora Jó
e se entrega ao sofrimento.

ele tem um grande coração
que sofre a falta de um grande amor
espaço em branco que alguém deixou.

ele tem um grande coração
que só será curado
quando entregue, de fato,
ao imenso amor que ele insiste em recusar.

o poder

ah, o fabuloso poder de entortar pescoços e acelerar corações sem causar mal algum...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Conversas Morenas II

- to carente, queria companhia. e tinha que ser a sua, não sei por que...
- aaaaah, que bonitinha...
- (sem graça) para...
- mas me diz, o que aconteceu?
- não sei o que me deu. deve ser o calor. as pessoas costumam delirar no calor.
- ah, que legal. e quer dizer que a minha companhia só serve para pessoas em delírio?
- nããão. não foi o que eu quis dizer.
- mas foi o que você disse.
- poxa... não era nada disso.
- brincadeira. mas me diz, o que eu posso fazer por você?
- o de sempre.
- virar estrela no meio da rua? moonwalk?
- hahaha. por aí...
- você não tá falando sério.
- mas é claro!
- merda. pra que é que eu invento essas coisas... falta querer que eu coloque um nariz vermelho, também.
- hahaha. não precisa.
- aaaah, tudo bem, pode me chamar de palhaço assim, gratuitamente, que eu não vou ligar. prometo!
- bobo!
- e depois fica aí com essa carinha de ''xisdê''...
- xD
- essa mesmo.
- obrigada.
(abraço)
- mas já? vou me sentir um palhaço, mesmo. só te fiz rir.
- era o que eu precisava.
- tá me dispensando?
- mais ou menos...
- que cara de pau!
- hahaha. não queria, mas tenho que ir. só passei aqui pra ver se você me animava.
- e consegui, pelo visto. tá até me mandando embora...
- não fala assim.
- tô mentindo?
- não, mas não precisa falar assim.
- que absurdo! veio aqui só pra me usar.
- para, não faz isso. vim pra te ver, oras.
- e pra me usar.
- também, mas vim pra te ver!
- e admite! oooh.
- ai, como gosta de fazer drama...
(abraço)
- hehehe, só queria um abraço. pode ir.
- ah, agora é você que me expulsa?
- é.
- tá bom, chumbo trocado não dói, né?
- é sério, você precisa ir...
- eu sei.
- mas amanhã a gente se fala de novo.
- tudo bem. até amanhã.

~ mal crônico

família reunida é muito bom!
em quinzenais almoços de domingo. nada além.
porque paciência é uma coisa que dá e passa.

Eu preciso de alguém...

Eu preciso de alguém que me dê bom dia quando eu acordo e me diga que eu estou linda, mesmo com o cabelo despenteado, o rosto amassado e o pijama torto.
Eu preciso de alguém que me dê a mão quando eu sentir medo e me abrace quando eu sentir frio, mesmo que tudo não passe de besteiras da minha cabeça.
Eu preciso de alguém que me apoie nas minhas loucuras e me diga que tudo vai dar certo, mesmo que seja impossível.
Eu preciso de alguém que me deite no ombro e me faça dormir com carinhos e cafunés, mesmo que eu só vá ter 15 minutos de sono.
Eu preciso de alguém que me leve pra andar na praia, pra ver o pôr do sol ou pra tomar banho de chuva, só pra passar o tempo, mesmo que não tenhamos tempo pra perder.
Eu preciso de alguém que me dê boa noite quando for dormir e me beije na testa desejando bons sonhos, mesmo que não durma comigo.
Eu preciso de você!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Todas as meninas são princesas

Elas sempre cultivaram (mesmo que, por um tempo, no fundo do coração) um sentimento leal e verdadeiro uma pela outra. Sabiam que não haveria diferenças ou distância que conseguissem, de fato, separá-las.
Entristecidas e cabisbaixas pelo afastamento, já não eram mais as mesmas e sentiam falta do carinho e cumplicidade que conquistaram uma na outra.
Decidiram, então, pelo recomeço. Reconheceram seus erros e perceberam que precisavam uma da outra como antes.
Feito num conto de fadas, em que a fada madrinha proporciona o reencontro, puderam sacodir a poeira, passar a borracha em dois anos desperdiçados e reatar os laços a tempo de comemorar uma década!
Sabiam das suas diferenças e assumiam, mas buscavam, sempre, a melhor maneira de conviver com elas.
E o que parecia ter se tornado mais uma história comum, voltou a ter o brilho e a magia das amizades eternas de princesinhas dos contos de fadas.



Para a amiga dos dez anos e oito cadernos.

delírio líquido.

em imagens turvas como sonhos
vejo através da janalea da alma
a sombra de um desejo intenso.
essência efervescente. esperança embaçada
no vapor de um novo horizonte que surge
atravessado por um mar de sentimentos.
densa imensidão.
efêmera nuvem de sensações.
invasão.
transpassado por um furacão
ainda resiste, guerreiro, um coração.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

~ o telefone

Desligou o telefone e o ficou encarando com olhar fixo. Sem absorver o que olhava. Estava escuro. E, mesmo que não estivesse, não prestava atenção ao que seus olhos viam, apenas fixava um ponto e tentava não pensar.
Aquele era o tipo de ligação de que não gostava quando acontecia. Sentia preocupação e uma ponta de dor naquelas palavras.
Não sabia o que poderia fazer à distância. Ou mesmo que estivesse perto.
Deu-se conta de que olhava para o nada com o telefone ainda aceso nas mãos.
Piscou, retornou àquela realidade escura, virou-se e tentou dormir.
Com o coração ainda apertado, pegou no sono. Mas deixou os sonhos guardados para uma próxima vez.
Merecia, apenas, tentar descansar de tudo aqulo que invadia sua alma.