sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gelo.

Era a segunda vez em três dias que me recusava um abraço. Mudava as feições como quem sente tristeza ao receber tamanho gesto de afeição, indesejado. Parecia envolvida em meus braços por obrigação. E repudiava qualquer sensação de bem estar que pudesse ousar perpassar sua mente. A frieza com que largava seu corpo ao meu corroía o fundo de minha alma. E o vazio que carregava no peito refletia em mim. Sua tristeza era perceptível somente a quem a conhecesse profundamente, como eu supunha conhecer. E ela nunca dissera o contrário. Seu coração era como pedra de gelo que não derretia, parecia congelar tudo o que tocasse. Mas o meu coração permanecia lá, intocável. Pronto para aquecer e modelar o dela.