sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carta para um velho amigo.

Às vezes a gente se arrepende antes mesmo de fazer as coisas. Não se chega nem à metade da idéia e lá vem o arrependimento. Mas tudo bem... eu sou teimosa, mesmo. E, arrependida ou não, não vou deixar de te escrever. Nem motivo tenho. Na verdade, eu deveria me preocupar mais com os cupins que devoram as lembranças guardadas na minha estante. Mas abrir uma 'caixa-pasta' com palavras e desenhos que representam boa parte de uma vida inteira me fez parar.
Papel e caneta nunca me faltam, bastou olhar em volta e escolher um lugar em meio às recordações espalhadas em cartas, cadernos e agendas pelo chão.
Minhas paciência e alergia agradecem a pausa. Mesmo que pequena. O horário de me arrumar pra sair pode esperar. Palavras que surgem do coração não podem ficar guardadas muito tempo.
Passar os olhos pelos antigos traços trocados fez reviver quase todos os momentos desde o começo. As diferenças; as mudanças; as risadas; as conversas eternas, infinitas e deliciosamente intermináveis... as brincadeiras; os sorrisos; os momentos todos inesquecíveis. E a distância que veio. Que afastou. Que machucou. Mas que, no fundo, nunca nos separou.
E por mais que me doa recordar tudo isso sem você (porque não somos mais os mesmo de antes. Nem seríamos se quiséssemos) me traz uma energia nova reviver toda a nossa infantil alegria, toda aquela magia do mundo novo que criamos exclusivamente para aquela época das nossas vidas.
Dói relembrar como éramos e ver que hoje somos muito diferentes daquilo o que parecia perfeito,mas, ao mesmo tempo, acalma pensar que já fomos guarda-chuva em tempos de tempestade um para o outro.
Dói a saudade da distância, mas reanima a saudade do que passou. Fomos gêmeos de alma, irmãos de coração. E soubemos viver nossas vidas entrelaçadas enquanto foi possível.
Nunca te esquecerei, mas farei questão de me lembrar de você enquanto meu super herói favorito. Aquele que sempre apareceu na hora certa e ficou o tempo que foi preciso. Aquele que protegia meu coração da tempestade e só fechava o guarda-chuva depois que todas as nuvens se dissipavam. Aquele que ganhava tardes ao telefone depois de uma manhã inteira de bilhetinhos. Aquele que desenhava o mundo que tínhamos criado para nós. Aquele que será, para sempre, o meu Capitão Super Herói favorito. Aquele que é feito de Papel.

Os mais sinceros votos de felicidade plena da velha amiga que espera não se mumificar no seu, agora distante, coração.

Coisas pra você.

Talvez você se lembre... antes de apertarmos os laços, eu queria uma desculpa pra falar com você. E consegui umas piadas muito ruins numas revistas antigas. Nem era nada demais, mas eu fiz questão de dizer que tinha ''coisas pra você''. Demorei a entregar, mas valeu a pena. Foi a melhor recompensa que eu poderia receber: Boa Viagem, pôr-do-Sol e frio na barriga pela segunda vez. Era cada vez mais gostoso ficar com você.
E hoje, um ano e meio depois do nosso ''segundo beijo'', eu me lembro de você com uma simples lista de piadas ruins que achei arrumando a estante enfestada de cupins. E paro tudo o que estou fazendo só pra te escrever. E deixar registrado mais uma vez o quanto eu sou grata àquela ingrata ''piada do ventilador'' que me abriu os olhos e me fez ser a mulher mais feliz desse Universo inteiro só por ter você do meu lado e poder dizer todos os dias e com todas as letras: EU AMO VOCÊ!

Anseio.

É praga.
Só pode ser praga! ¬¬
Nada funciona quando fazem isso.
É terrível!
Preciso sair.
Preciso fugir.
Preciso mudar.
Me mudar.
Pra outro mundo.
Outro lugar.
Onde eu possa viver...
respirar...
sossegar...
seguir meu caminho em paz.
Nada funciona.
Nada adianta.
Nada sobrevive dessa maneira.
Preciso de paz.
Olho grande nunca mais!
Tempo, passe.
Me cresça.
Me leve.
Me salve.
Me carregue.
Me livre.
Me leve daqui.
Pra qualquer lugar.
Onde eu possa, pelo menos, respirar.