quinta-feira, 1 de abril de 2010

Fim de noite

'boemia
aqui me tens de regresso'


Desisti dessa vida comum. As pessoas passam por mim, apenas. Ninguém suporta ficar ao meu lado mais que uma noite. Já não tenho mais esperança na humanidade.
'O bom filho à casa torna'. E mesmo que eu nunca tenha sido exemplo de filha, retorno à boemia, quem melhor me acolheu desde que saí de casa pra tentar a sorte fora daqui.
Talvez seja isso o que eu precise nesse momento. Sair mais uma vez, abandonar, desertar, fugir...
Meus sonhos de camelô se desfizeram feito bibelô que se arremessa do alto da estante e se parte ao chão. Minhas certezas de contas se arrebentaram como colar tirado do pescoço aos puxões. Minha razão equilibrista desequilibrou-se do meio fio.
Não sou a mesma.
Termino a noite como comecei. Sem ninguém ao lado para dividir quem realmente sou.
Fim de noite... meia luz... ponta de cigarro... copo vazio.

'boemia
aqui me tens de regresso'

Obrigada pela inspiração, Amigo.

Flor da Vida

solitária,
ela busca na natureza inspiração para não sucumbir.
abandonada pelos sonhos que alimentara, entrega-se ao prazer de ser somente ela.
adormece.
em paz consigo mesma, alcança o mais profundo de seu interior e sonha mais uma vez.



desperta.
encontra uma flor debruçada sobre seu colo.
lentamente,
as cores voltam a fazer parte de seu dia.
e volta a alimentar seus sonhos infantis.

Obrigada pela inspiração, Amigo.

Segredos

escrever eleva a alma
é como se as palavras que me escorrem aos dedos
viessem com uma parte da minha alma entrelaçada
e mostrassem ao mundo o meu verdadeiro ser
o meu lado artista revela, com delicadeza, as minhas fraquezas humanas
e me mostra que é possível ir além, ser mais

escrever liberta a alma
abre portas e janelas
dá passagem a mundo novos
que, paralelos ou não,
revelam uma realidade adormecida dentro do meu coração

escrever permite alcançar o inalcançável
permite reconhecer o que escondia de mim mesma
leva-me a lugares ainda não explorados
floresce.

Iluminada

Eis que as nuvens se abrem, timidamente, e dão passagem a raros raios raios de um Sol teimoso que insiste em sair para iluminar o caminho por onde ela passa.
Ainda com os sonhos da noite anterior vivos em seus olhos, segue, automaticamente, seu caminho de todas as manhãs.
Para ela, não é mais que um dia comum, um como outro qualquer... mas o Astro Rei que segue seus passos e ilumina o caminho da menina dá novo significado àquele dia.



Este, o Astro, insistente, illumina em redor, dentro.
O oculto.
O revelado.
Ele, o Astro, na verdade nunca vai embora.
Os sonhos da noite anterior, que foram iluminados pelo Luar, na verdade, foram iluminados por ele, o Astro, que reflete sua luz na amante noturna.
Ela,
Ele,
A amante... amam!