sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Abandonado

Eis que a pior das sensações toma conta do meu coração: abandono. Com um agravante: permaneço cercado de pessoas que dizem sentir a minha falta e se importar comigo.
Mas pior que isso, eu sinto que você me troca pelas suas novas obrigações, novas amigas, novos sapatos... você me abandona quando eu mais preciso do seu carinho.

Carta para um bom amigo

Mon cher,

palavras jamais seriam suficientes pra dizer o carinho que eu sinto por você. Apesar da distância, de não nos vermos e, por vezes, mal nos falarmos, o coração compreende, perdoa e aproxima nossas existências.
Seguimos por trilhas tortas, muitas vezes paramos à beira do abismo. Mas é nesse momento que Deus se mostra presente, estende Sua Mão e coloca seus Anjos a nos proteger. A esses Anjos, chamamos, carinhosamente, amigos.


E foi você, meu caro amigo, que me segurou pela mão, olhou nos meus olhos e sorriu, trouxe cor, movimento e vida para minhas palavras e me mostrou que meu dom volta para o lugar de onde veio.
Saiba que eu estou aqui. Quando suas asas falharem, os pés calejarem e os joelhos não suportarem o peso do seu corpo. Eu estou aqui. Para te tomar pela mão, te levantar a cabeça, ampliar seu horizonte e mostrar que o Céu te espera o tempo que for necessário até que suas asas e seu coração estejam curados e preparados para o vôo da próxima missão.

Por todas as suas cores,
com todo o meu carinho.
je t'embrasse.
Poetisa.

A Mulher Árvore

Semente de uma flor caída do bico de um passarinho. Em meio à escuridão da terra, saiu em busca de luz. Cresceu, deu flor e enfeitou o caminho. Seus galhos se esgueiravam procurando alcançar o céu. No coração daquela árvore, um coração adormecia...
Era primavera. No meio do dia, um homem parou à sombra de suas folhas esperando repousar. Vinha sozinho, porém cantava. Parecia traduzir em sons o que sentia, pois não era compreensível o que ele dizia. E o doce som de sua voz despertou o coração que adormecia.


Abriu os olhos à procura de quem emitia tão lindo som que a despertara e se deparou com o homem que cantava. Perguntou-lhe quem era e o que o levara até ali. Ouviu como resposta uma voz suave feito brisa. Era um monge e tinha uma missão a cumprir. Andava tentando descobrir que missão seria essa. Curioso, quis saber como aquela bela mulher ficara presa ao tronco de tão frondosa árvore. Nascera ali, viera de uma flor. Mas até então não conhecera a luz do dia, adormecida ela permanecia.
E conversaram durante horas... conheceram profundamente um ao outro. Até que o monge se despiu de sua capa, abriu suas longas asas e voou. Cumprira sua missão de despertar a Mulher Árvore. Ela, por sua vez, sorriu e acenou para a liberdade que acabara de descobrir nos olhos do monge. Entendeu o sentido de estar ali e floresceu. Buscava o alto como o Monge Pássaro. E lá chegaria estendendo seus galhos para o céu.

a pedido de Carlos Valença, meu caro amigo.