Sempre reclamou da tendinite, mas, em mim, buscava alívio na livre mudança dos movimentos. Ela perdeu o juízo, abandonou as raízes, não faz mais questão de ver as palavras nascerem de seus gestos, prefere vê-las pingar da ponta dos dedos, como um robô apressado.
Confesso, sinto falta de ser o seu xodó. Não pisco em neon azul, mas minhas páginas cor-de-rosa refletem o brilho dos seus olhos. Espero que se lembre de mim. Não gosto da sensação de abandono que me causa o fundo de uma bolsa escura o dia inteiro. Quero que me leve aonde for.
Não me importo de ser rascunho. Conheço meu lugar. Só peço que ela reconheça o meu valor. Afinal, antes de ser virtual, toda e qualquer idéia que sai da cabeça dela só se torna real quando passa por mim.