quinta-feira, 20 de maio de 2010

Arte pela Arte

A minha Arte não segue tendência,
não se encaixa em movimento,
não vem nem vai na corrente.

A minha Arte não é pra ser analisada
nem pra ser rotulada
muito menos estudada.

A minha Arte é livre,
é expressão do vento,
certeza líquida,
cor da voz.

A minha Arte é Arte.
Nada além da própria Arte
que segue o movimento dos dedos
segurando a caneta
que desliza no papel.

~ Carta para você

Querido,
não podemos continuar como estamos. Não vejo mais sentido em ficarmos juntos. Você ainda é meu favorito. O problema é que eu não consigo mais sentir aquela tranquilidade que eu sentia do seu lado.
Depois que soube da sua decisão, não pude conter as lágrimas e a dor que me invadiu o coração e saiu pelos poros, tão forte que era. Sei da sua necessidade de partir, mas ainda não compreendo a sua pressa. Só respeito. Faça o que achar melhor e conte com o meu apoio. Mas não conte com a minha presença.
Me dói dizer, mas já não sinto mais a velha obrigação de cuidar de você. Me parecem inúteis os meus conselhos, você não os ouve. Ou não os quer ouvir. Então prefiro guardar.
Também me escapa a alegria de te contar coisas novas. Você já não se alegra comigo. Ao contrário, me entristece com a sua tristeza.
Sofro por tomar, também, a minha decisão. Tão radical quanto a sua: não quero mais!
Não quero mais me desgastar pra tentar te mostrar uma nova maneira de olhar o mundo ou de agir diante das coisas que te acontecem. Não quero mais me culpar pela sua insônia ou falta de alegria ou falta de vontade. Não quero mais me preocupar com o que dizer, tendo que imaginar qual será a sua interpretação de cada palavra, solta ou em conjunto com todas as outras em tudo o que eu quero dizer. Não quero mais sofrer, por antecipação ou não, por causa de você!
NÃO QUERO MAIS!
Se é pra haver despedida, que não espere até a sua ida, estendendo a dor de uma iminente partida.
Se é pra haver despedida, que seja agora, porque eu não quero mais.
Mas estarei sempre aqui: quando for necessário.

Com saudade e carinho,
Morena

~Bibelô

Passando os olhos por uma vitrine, me encantei por um pequeno bibelô em formato de anjo. Era pequenino, porém suas asas eram longas e imponentes. Uma graça!
Não resisti e levei o anjinho para casa. Tinha um lugar na estante do meu quarto que o acolheria muito bem. E foi lá que o coloquei.
Mas o bibelô era teimoso. Apesar do lugar privilegiado, estranhamente, o anjo insistia em não permanecer no lugar. Por diversas vezes o recuperei antes que chegasse ao chão.
Até que, um dia, quando cheguei em casa depois de uns dias fora, encontrei o meu pequeno bibelô caído atrás da cortina, quase que escondido. Depois de muito procurar, descobri o que havia acontecido: meu delicado gato persa, em busca de um passarinho que entrar pelo vão da janela, arrastara tudo o que não vira pela frente com sua cauda gorda.
O ajno foi ao chão imediatamente e sua asa esquerda se partiu. Mesmo depois de tanto tempo, consegui colar quase todas as partes e refazê-lo. Era um bibelô, não tenho dúvidas, mas ele parecia demonstrar gratidão. Passou um tempo (que poderia ser o de recuperação) na estante onde o coloquei, mas pareceu se cansar dali e voltou a se atirar nos meus braços toda vez que me via. Até que não tive mais paciência para o bibelô teimoso que não se contentava com as prateleiras em que estava e insistia em não permanecer no seu lugar.
Guardei o bibelô na cristaleira e não precisei mais me preocupar. Ele continuava à vista mesmo sem estar onde eu gostaria que ele ficasse. Mas, apesar da teimosia, o carinho que eu tinha por ele nunca foi diferente.