sexta-feira, 6 de março de 2009

Pimenta Rosa.

Paciência nunca foi seu forte. Mas detestava bate-boca. Até conversava. O problema era quando perdia a cabeça. Nunca levou desaforo pra casa. Nem vai! Isso ela não muda. Mas, de uns tempos pra cá, talvez por amadurecimento (ou por velhice, mesmo) resolveu ser racional. Ainda fala sem pensar. Agora, já com menos freqüência. O que aprendeu foi a desistir de discussões em vão. Ela sabe que, no fim, acaba perdendo a razão. E prefere evitar.
O "inferno astral que precede o aniversário" dela não passou. Curiosamente, se atrasou. E se estendeu por mais de um mês. Qualquer motivo bobo a fazia soltar fogo pelas ventas. Antes, durante e depois da TPM. Fase ruim. Momento difícil. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Mas, como sempre, dava um jeito de resolver.
Triste era o momento em que ela ficava só. E recordava. E remoía. E ressentia tudo aquilo o que ela havia falado. Mais que isso, o que a deixava pior era o que tinha lido e ouvido. Eles não conseguiam entender o quanto aquilo tudo a fazia sofrer.
Mas o que eles não sabiam é que ela nunca se deixa abater. "Levanta. Sacode a poeira. Dá a volta por cima." Cresce. Aparece. Volta a ser Pimenta.
Abafa. Abstrai. Distrai. Mas não esquece. Porque as palavras que causam dor e que abrem feridas são as mesmas que curam e calejam. E não permitem repetir o erro.
Ela ainda erra. E o fará sempre. Mas cada vez de uma forma diferente. Porque ela sabe aprender, se arrepender e corrigir.
A Pimenta que arde de dentro dela não é como as outras. É mais sensível. Mais sutil. Mais delicada.
A Pimenta dela é Rosa. Mas não leva desaforo pra casa. Porque antes de ser Rosa ela é Pimenta.