quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Era vidro.

Ele prometeu enviar do país a que fora um presente que nunca chegou. Ela esperava o pombo correio como quem espera o antídoto para um veneno mortal. Os anos se passaram enquanto ela esperava. O tempo passou e ela esperou. Nem presente nem ele. Sua paz nunca voltou.
Até o dia em que passou pela cidade um mensageiro. E trouxe para ela uma carta de amor. Ele não a esquecera. Voltaria. Mas os percalços do caminho o impediam de vê-la outra vez. Seu coração se iluminou como o sol da manhã e seu sorriso se abriu feito botão de flor.
O presente nunca chegou. Nem ele voltou. Mas a alegria da espera deu novo ânimo aos dias dela. Até que lhe veio a notícia. O dia em que ele se casaria. E ela deixou de esperar.
Então o presente chegou. Um relicário e dentro dele uma rosa vermelha de vidro. Ainda terminava de abrir quando o bilhete caiu. Numa letra apressada, dizia que se casaria. Mas que o grande amor de sua vida carregaria consigo uma rosa vermelha como sinal de esperança.
E ela entendeu que seus caminhos não mais se cruzariam, mas que, mesmo sem saberem, já eram um só.