domingo, 11 de julho de 2010

Flor

E desde a primeira vez que em que os olhares se cruzaram, toda vez que se encontram a cena se repete: olhada de cima a baixo, ela percebe quando ele tenta disfarçar. E ainda há disritmia, ainda é o mesmo olhar, compaixão que não se esgota nem desvia.
De volta ao ninho, apesar de já não tão livre assim, o  Bem-Te-Vi parece enxergar na Flor o sentimento novo que ela carrega no peito. Talvez seu desejo mais profundo seja ser como ela, que apesar de enraizada, mudou o jeito de ver o mundo e a liberdade quando se entregou a um lindo Beija-Flor.
Não trocam palavras, não há comunicação que ultrapasse o limite do breve contato visual. Mas alguma vezes, não é preciso mais que uma troca de olhares...

e o headphone?

fita no tornozelo
(ele) direito
(ela) esquerdo

brinco na orelha esquerda.
óculos escuros guardados em algum lugar.
ombros (dela) e pés (de ambos) à mostra.

há coisas fora do lugar.

olhar maroto, disfarçado.
sorriso escondido no canto da boca.
cachos e tranças mal distribuídos (entre os dois).
(ele) nitidamente hipnotizado.
(ela) levemente superior.

há coisas no seu devido lugar.

o ar do inverno distorce a Praia.