domingo, 28 de agosto de 2011

Sobra excesso.

Preciso ir, já não me caibo. Ando fora de mim. Sobrevivo.
E não é falta de amor nem de Deus nem de realização. Ao contrário, sou feliz em qualquer instância. O que me acomete é aquele bichinho da novidade que não me deixa em paz.
Faz tempo me cansei daqui, de procurar por mim onde não existo. Sou em vários aspectos, mas um vaziozinho na alma incomoda como grão de areia no sapato.
Faz sol, mas não dá praia. Não sobra chocolate em pó pro brigadeiro. A chuva cai cinza e ácida. As nuvens não formam castelos, mas prisões. Me afogo na ressaca que bateu no mar da minha vida, me revirando nas ondas atiradas às pedras da rotina. E não tem nem uma brisa que me leve sem destino.
Não é falta de Amor nem de Deus nem de solidão. É excesso de querer, que não cabe em realizar. É tudo extremo. É muito desejo no coração e pouca hora no relógio. É muita ideia na cabeça e pouca câmera na mão. É muito sonho no peito e pouca asa no pé. É muita vida transbordando de uma vez.
Mas não é falta. É excesso.

2 comentários:

Circo Golondrina disse...

Tem uma música que diz "eu tentei fugir de mim mas aonde eu ia eu tava". Acho que poucos versos são tão sábios. É fato, isso vai acontecer. Mas eu iria mesmo assim. A melhor maneira de se livrar do excesso é gastando-o. Não consigo acreditar noutra maneira. Boa sorte!
PS: adorei como vc escreve!

Leíne B. disse...

É isso.