domingo, 24 de abril de 2011

Somos nó.

Sozinha. Cabelo ao vento na sacada. Lua alta no céu. Vento forte e frio. Não há casaco que me esquente esta noite. Sinto falta de algo que não é material. Sinto falta de braços que não podem me abraçar e de rostos que não podem me sorrir. Sinto falta de alguma coisa que não sei, que não conheço, que nunca vi. Sinto falta de você. Sinto falta de mim.
E nessa falta de mim, não consigo caber no que eu sou. Não consigo ser no que eu caibo. Não consigo ver o que não alcanço. Não consigo alcançar o que vejo. Não consigo pensar no que quero. Não consigo querer o que penso. Não consigo respirar. Não consigo enxergar. Não consigo ouvir. Não consigo pensar. Não consigo existir.
E é essa inexistência, essa ausência que me consome. Tenho sede. Tenho fome. Tenho desejos que não posso saciar. E tenho medo. Tenho dentro de mim aquela sensação de que o mundo não tem conhecimento da minha dor, do meu penar, do meu sofrer. E nunca terá. Tenho certeza de que eu, apenas eu, sou capaz de me curar.
É a cura que me faz seguir. Uma busca incessante, estressante, revigorante. Enquanto não encontrar, não hesitarei em procurar. Mas enquanto não encontro, me vejo perdida. Me vejo sozinha. Me vejo sem você.
É você que me faz falta todos os dias. É você que não está quando eu estou. É você que permanece aqui. É por você que eu sigo em frente. É por você que eu não desisto. É porque eu sei que vou te encontrar. Porque eu sei que é em você que eu vou me ver. Porque eu sei que é em você que eu vou existir outra vez. É você que me faz ir mais além.
E quando você não vem eu não existo. Eu não estou. Eu não sou ninguém. Eu não sonho. Eu não como. Eu não respiro. Eu não saio do lugar. Quando você não vem eu não tenho rosto. Eu não tenho sorriso. Eu não tenho vontade. Eu não tenho eu. Eu só tenho você. E quando você não vem eu não tenho ninguém.

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